Washington - Os Estados Unidos manifestaram-se hoje "extremamente preocupados" com a violência na Cisjordânia, após a operação militar israelita na cidade de Nablus que causou a morte a dez palestinianos, incluindo um menor.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, apontou a morte quer de combatentes, quer de civis, na operação israelita.
"Reconhecemos as reais preocupações de segurança enfrentadas por Israel. Ao mesmo tempo, estamos profundamente preocupados com o grande número de baixas e a perda de vidas civis", acrescentou Ned Price, citado pela agência France-Presse (AFP).
A operação dos militares israelitas em Nablus, no norte da Cisjordânia ocupada por Israel, cenário de confrontos recorrentes e mortais, resultou em pelo menos dez palestinianos mortos e cerca de 100 feridos.
O ministro dos Assuntos Civis palestiniano, Hussein al-Sheikh, denunciou um massacre e exortou a comunidade internacional a "intervir imediatamente", segundo uma mensagem que publicou na rede social Twitter citada pela AFP.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, referiu hoje que a situação "no território palestiniano ocupado" é a "mais inflamável em anos", sublinhando as "tensões no máximo" num contexto de "processo de paz" israelo-palestiniano "bloqueado".
Já o o Alto-Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, salientou que o organismo está "profundamente alarmado com a espiral de violência na Cisjordânia".
Trata-se da incursão mais mortífera na Cisjordânia desde pelo menos 2005, à semelhança do ataque de 26 de Janeiro em Jenin, também no norte da Cisjordânia, em que 10 palestinianos foram mortos.
O Exército israelita afirmou, num comunicado, que realizou uma "operação antiterrorista" em Nablus, durante a qual abateu "três suspeitos que estavam envolvidos em ataques armados (na Cisjordânia) e planeavam ataques para o futuro imediato".
A Jihad Islâmica disse que um dos comandantes locais da sua ala militar se encontra entre os mortos.
Um repórter da AFP viu soldados israelitas a disparar granadas de gás lacrimogéneo contra jovens palestinianos no centro de Nablus, que atiraram pedras a veículos militares e queimaram pneus.
Há quase um ano que as forças israelitas conduzem o que chamam "operações antiterroristas" em busca de suspeitos na norte da Cisjordânia, particularmente em Nablus e Jenin, bastiões dos grupos armados palestinianos.
A última grande operação israelita em Nablus tinha ocorrido em Outubro de 2022, quando cinco palestinianos foram mortos num ataque contra o grupo armado Areen al-Oussoud, que tem sede na cidade.
Segundo a agência oficial de notícias palestiniana Wafa, dois dos feridos eram jornalistas que cobriam a intervenção.
Os confrontos de hoje surgem num cenário de violência renovada desde o início do ano na Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.
Uma rusga israelita no campo de refugiados palestinianos de Jenin, no final de Janeiro, foi seguida de trocas de tiros entre grupos armados na Faixa de Gaza e o exército israelita, e de um ataque mortal em Jerusalém Oriental.
"A prevenção de mais violência é uma prioridade urgente", disse, na segunda-feira, o mediador da ONU para o Médio Oriente, Tor Wennesland.
Desde o início do ano, o conflito israelo-palestiniano custou a vida a 58 palestinianos (membros de grupos armados e civis, incluindo menores), nove civis israelitas (incluindo três menores) e uma mulher ucraniana, de acordo com uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais israelitas e palestinianas.