Madrid - O Governo espanhol decidiu, hoje, afastar a chefe dos serviços secretos, Paz Esteban, na consequência do “caso Pegasus” de espionagem de líderes independentistas, dos telemóveis do primeiro-ministro, Pedro Sánchez, e da ministra da Defesa, Margarita Robles.
De acordo com fontes governamentais citadas pela imprensa espanhola, a demissão da directora do Centro Nacional de Informação (CNI) foi decidida na reunião do Conselho de Ministros de hoje.
Paz Esteban, a primeira mulher à frente da “secreta” espanhola e a única directora com uma carreira que assumiu o cargo há pouco mais de dois anos.
Tornou-se, assim, na primeira vítima da espionagem dos telemóveis dos políticos através do sistema Pegasus.
A responsável pelos serviços de informações espanhóis tinha sido chamada quinta-feira a uma comissão parlamentar para esclarecer a espionagem de dezenas de políticos pró-independência e também do primeiro-ministro e da ministra da Defesa.
Na ocasião, mostrou as autorizações judiciais que permitiram a espionagem de cerca de vinte políticos pró-independência da região da Catalunha.
O movimento a favor da independência da Catalunha pedia há várias semanas a demissão da ministra da Defesa que considera ser a principal responsável pela alegada espionagem de dezenas dos seus líderes.
O “caso Pegasus” foi revelado por um relatório do grupo Citizen Lab, relacionado com a Universidade de Toronto (Canadá), que indicava que pelo menos 65 activistas catalães foram espiados entre 2017 e 2020.
Estando entre os visados o actual presidente regional catalão, Pere Aragonés (que era vice-presidente da região na altura), os antigos presidentes regionais, Quim Torra e Artur Mas, assim como deputados europeus, deputados regionais e membros de organizações cívicas pró-independência.
No início da semana passada, o executivo espanhol apresentou uma queixa no tribunal Audiência Nacional por alegada espionagem dos telemóveis do primeiro-ministro e da ministra da Defesa, apesar dos factos terem ocorrido em 2021.
Este caso um afastamento cada vez maior entre o Governo espanhol e os seus principais parceiros, nomeadamente, o Unidas Podemos (extrema-esquerda, parceiro no governo) e a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista, apoio parlamentar).