Ancara - O Presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, considerou "uma oportunidade histórica" a reabertura das conversações com o líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Öcalan, que está preso, visando terminar um conflito com 40 anos que custou mais de 40.000 vidas, noticiou o site Notícias ao Minuto.
"Abriu-se uma nova janela de oportunidade para este país pôr fim, de uma vez por todas, ao flagelo do terrorismo", disse Erdogan aos seus apoiantes na província de Diyarbakir, no sábado, duas semanas depois de uma delegação de políticos pró-curdos ter visitado a prisão onde Öcalan está detido e ter estendido a mão a Ancara para iniciar um novo processo de paz.
"As organizações terroristas não têm outra escolha senão depor as armas", disse Erdogan.
Pela sua parte, garantiu, não tem intenção de "desperdiçar esta oportunidade".
O Presidente turco reiterou, no entanto, a sua condição absoluta de que as milícias da formação devem depor completamente as armas antes de poderem ser tomadas quaisquer outras medidas para a paz.
"A era daqueles que exploraram a nossa região através de organizações terroristas terminou. Esta organização separatista não tem outra alternativa senão dissolver-se", advertiu, durante o seu discurso, noticiado pelo jornal Hurriyet e citado pela agência de notícias espanhola Europa Press.
A Turquia está empenhada há anos numa campanha militar contra as posições do PKK no Iraque e na Síria, esta última actualmente a combater as milícias curdo-árabes que Ancara liga ao PKK.
O PKK luta contra o Estado turco desde 1984, primeiro para pedir a independência dos curdos e que há anos começou a reivindicar apenas mais direitos culturais e políticos.
Uma delegação de deputados do DEM (esquerda pró-curda da Turquia) visitou, em final de Dezembro, o fundador do PKK, Abdullah Öcalan, preso na ilha de Imrali, para o convidar a usar a sua ainda enorme influência a favor da paz.
A visita ocorreu no seguimento de uma proposta, no outono, do líder do partido ultranacionalista turco MHP, Devlet Bahçeli, para que Öcalan falasse no Parlamento para proclamar o desarmamento do PKK.
A mesma delegação de deputados do DEM visitou no sábado o ex-líder do partido, Selahattin Demirtas, detido desde 2016, para procurar um processo de paz com o PKK.
Demirtas declarou, numa carta divulgada pelo DEM após a visita, o seu total apoio a um processo de paz, sublinhando que este deve ser "transparente" e conduzir à "democratização e justiça".
Em 2013, Öcalan proclamou o abandono da luta armada e o fim das aspirações dos independentistas e mostrou-se aberto a um processo de negociação com o Estado, que fracassou no verão de 2015.MOY/CS