Damasco - O enviado da ONU para a Síria, Geir Pedersen, sublinhou hoje a necessidade de uma transição credível e inclusiva ao líder do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), à frente da coligação que derrubou o poder de Bashar al-Assad.
Geir Pedersen, que chegou a Damasco no domingo, encontrou-se com Abu Mohammad al-Jolani, que agora dá pelo seu verdadeiro nome, Ahmad al-Chareh, e com o primeiro-ministro responsável pela transição até 01 de Março, Mohammad al-Bashir, segundo um comunicado de imprensa dos seus serviços no seu canal Telegram, segundo a Lusa.
O enviado especial apresentou os resultados da reunião internacional de Aqaba sobre a Síria, realizada no sábado.
Sublinhou a necessidade de uma transição política credível e inclusiva liderada pelos sírios, com base nos princípios da Resolução 2254 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Esta resolução, adoptada em 2015, reafirma "o firme compromisso com a soberania, independência, unidade e integridade territorial da República Árabe Síria" e estabelece um roteiro para uma solução política na Síria.
Pedersen falou ainda, no domingo, "a intenção das Nações Unidas de prestarem toda a assistência necessária ao povo sírio" e "foi informado dos seus desafios e prioridades".
O comunicado de imprensa especifica que Pedersen tem "várias questões agendadas para os próximos dias", sem adiantar mais detalhes.
A 08 de Dezembro, a coligação rebelde entrou em Damasco e anunciou que do poder assumido durante 24 anos por Bashar al-Assad, depois de uma ofensiva que lhe permitiu tomar uma grande parte do país em 11 dias.
Abandonado pelos seus aliados iranianos e russos, Assad fugiu para Moscovo.
O HTS, antigo braço sírio da Al-Qaeda, afirma ter rompido com o 'jihadismo', mas continua a ser classificado como terrorista por vários países ocidentais, como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e também pela União Europeia.
Vários Estados e organizações saudaram a queda de Assad, mas disseram estar à espera para ver como as novas autoridades, os muçulmanos sunitas, tratariam as minorias do país multiétnico e multirreligioso.
Entretanto, vários já anunciaram ter estabelecido contacto com a organização no poder.
No domingo, al-Jolani (Ahmad al-Chareh) disse a Geir Pedersen que "as mudanças na cena política tornam necessário rever" a Resolução 2254 do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Numa declaração publicada pelo grupo na sua conta da rede social X, o líder 'jihadista' evocou, no seu primeiro encontro frente a frente com Pedersen, a necessidade de "reconsiderar a resolução", tendo em conta "as mudanças ocorridas no cenário político".
Desde que chegou ao poder, al-Jolani tem tentado ganhar a confiança da comunidade internacional. GAR