Lisboa - O ex-ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, considerou, quarta-feira, que Israel está, até ao momento, “a seguir o guião”, apontando ser “difícil” que aquele Estado “não avance para fazer aquilo que indirectamente já prometeu, até do ponto de vista territorial, contra Gaza”.
O antigo governante ressalvou ainda que o cerco imposto àquele território “é uma medida absolutamente bárbara e medieval” e “absolutamente insustentável”.
“Penso que Israel anunciou demais e deu passos demais para, agora, ficar com aquela capacidade gigantesca sem intervir no terreno; até porque isso corresponde essencialmente a um padrão que Israel tem seguido sistematicamente antes de uma intervenção militar por terra”, começou por indicar Azeredo Lopes, no seu espaço de comentário na CNN Portugal.
O responsável disse ter “alguma dificuldade em imaginar que Israel possa, agora, depois de estar a qualificar como qualificou estes ataques hediondos do Hamas, dizer que se fica apenas com os bombardeamentos”.
No que diz respeito ao ”cerco total” imposto na Faixa de Gaza que levou ao corte da electricidade, água e gás, o comentador apontou ser difícil que se mantenha durante “muito mais tempo”, já que é “insustentável”.
Segundo ele, vê com dificuldade que Israel continue por muito mais tempo a adoptar isto que tem designado como cerco, que é uma medida absolutamente bárbara e medieval.
Sustentou que Israel pode dizer que o cerco não vai matar ninguém se o Egipto abrir as portas. Mas isto significa o quê? Estou a estrangulá-la, mas não vou matá-la se alguém a vier salvar in extremis.
“É uma coisa absolutamente insustentável que tenho imensa pena que aconteça, sobretudo depois de uma barbaridade como aquela que Israel sofreu”, detalhou.
E continuou: “Mas não devo ser eu nem devem ser só os extremistas a ficar preocupados com isto. Vimos (o chefe da diplomacia norte-americana, Antony) Blinken à entrada para o avião a dizer uma coisa muito interessante: aquilo que distingue Israel, os EUA, as democracias dos terroristas ou dos assassinos é justamente cumprirem o direito internacional.
Vamos ter de esperar mas, por enquanto, sinceramente, independentemente daquela que a meu ver poderá ser uma projecção muito diferente do conflito para lá dos confins da Faixa de Gaza, uma intervenção militar terrestre vai dar pretexto a muita gente para voltar a criticar, às vezes de forma primária, o Estado de Israel.”
Azeredo Lopes reiterou, além disso, que a constituição de “uma espécie de governo de salvação nacional constituído para a guerra” torna “difícil” que Israel “não avance para fazer aquilo que indirectamente já prometeu, até do ponto de vista territorial, contra Gaza”.
De notar que, depois do ataque surpresa do Hamas contra o território israelita, sob o nome 'Tempestade al-Aqsa', Israel bombardeou a partir do ar várias instalações daquele grupo armado na Faixa de Gaza, numa operação que denominou 'Espadas de Ferro'.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que Israel está "em guerra" com o Hamas, grupo considerado terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE). GAR