Atenas - O director dos serviços secretos gregos, Panagiotis Kontoleon, demitiu-se hoje por suposto escândalo de espionagem a um líder político e a um jornalista com o “spyware” Predator, anunciou o Governo de Atenas.
"O director dos Serviços Nacionais de Inteligência Panagiotis Kontoleon apresentou a demissão (...), que foi aceite pelo primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis", refere o Governo um comunicado.
A demissão de Kontoleon, nomeado em Agosto de 2019 para o cargo alguns dias, após a eleição do partido Nova Democracia (ND, direita) de Kyriakos Mitsotakis, ocorre algumas horas de Grigoris Dimitriadis, secretário-geral do gabinete do primeiro-ministro e sobrinho deste último.
As demissões ocorrem uma semana, após a revelação da tentativa de vigilância a Nikos Androulakis, líder do Kinal-Pasok (socialista), terceiro partido parlamentar, através da utilização do Predator, o que causou indignação na Grécia.
Trata-se do terceiro caso de suposta vigilância na Grécia em menos de um ano.
Em Abril, Thanassis Koukakis, um jornalista grego especializado em assuntos financeiros, entrou com uma acção legal na justiça, denunciando o ataque ao telefone de trabalho através do Predator.
Dois meses antes, em Fevereiro, a suposta escuta telefónica dos serviços secretos a outro jornalista de investigação a questões de migração foi levada ao Supremo Tribunal de Justiça grego.
Nos três casos, o Governo descartou "qualquer envolvimento do Estado".
Por sua vez, o secretário-geral do primeiro-ministro foi acusado pela imprensa de investigação grega de "envolvimento" no "escândalo" da suposta "acção de espionagem" feita a Nikos Androulakis e Thanassis Koukakis.
Os 'sítios' de investigação de notícias Reporters United e Inside revelaram recentemente que o agora ex-secretário-geral "está ligado a pessoas física e juridicamente envolvidas directa ou indirectamente no caso de escutas telefónicas".
Desenvolvido inicialmente na Macedónia do Norte, país que faz fronteira com a Grécia, pela empresa Cytrox, e depois em Israel, o ”spyware” Predator consegue entrar num telefone alvo e aceder às mensagens e conversas do utilizador, segundo os especialistas.