Teerão - O director da Agência Internacional de Energia Atómica encontra-se hoje em Teerão com os líderes iranianos na véspera das conversações diplomáticas que tentam recuperar o tratado internacional sobre o programa nuclear do Irão.
Rafael Mariano Grossi, responsável máximo pela Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), da ONU, estabelece conversações na capital iraniana numa altura em que os inspectores continuam a enfrentar dificuldades na monitorização do processo de desenvolvimento de urânio no país.
Na sequência da saída unilateral dos Estados Unidos do acordo internacional, em 2018, e devido à imposição de novas sanções durante a Administração Donald Trump, a República Islâmica passou a enriquecer pequenas quantidades de urânio (com 60% de pureza).
As autoridades iranianas mantêm que o programa nuclear "tem fins pacíficos", mas Israel reitera preocupações sobre a construção de armamento nuclear por parte de Teerão.
O actual chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, já admitiu regressar ao acordo internacional firmado em 2015, mas avisou que o tempo está a esgotar-se.
Entretanto, o Irão tem vindo a adotar uma postura mais dura, sobretudo depois da nomeação do novo Presidente, Ebrahim Raisi, protegido do líder supremo, Ali Khamenei.
Grossi chegou hoje a Teerão tendo em vista encontrar-se com representantes do Organismo Iraniano de Energia Atómica, a agência civil de energia nuclear do Irão, pela terceira vez desde o passado mês de Fevereiro.
Hoje, o representante das Nações Unidas deve reunir-se com Mohammad Eslami, que dirige o organismo civil iraniano, sendo que Rafael Grossi espera "apresentar questões importantes".
"Espero estabelecer um canal de cooperação directo no sentido do diálogo para que a AIEA possa retomar as verificações sobre as atividades do país", disse Grossi numa mensagem que divulgou através da rede social Twitter.
Sob o acordo denominado "Protocolo Adicional" entre o Irão e a AIEA, cujos contornos são confidenciais, os inspetores devem analisar as imagens captadas pelas câmaras instaladas nos centros de produção nuclear.
A AIEA também pretende monitorizar as atividades na base de centrifugação de Karaj, no norte do Irão, mas o acesso às imagens tem sido negado desde o passado mês de Junho, altura em que Teerão diz ter sido alvo de acções de sabotagem por parte de Israel.
As reuniões que devem decorrer hoje antecedem um encontro mais amplo dos Estados membros da AIEA sendo que o Irão tenta evitar com a visita de Grossi um voto de censura no quadro do conselho do organismo das Nações Unidas, tal como aconteceu no passado mês de Setembro.