Damasco - As novas autoridades sírias cancelaram unilateralmente um acordo assinado com uma empresa russa em 2019 para a gestão do porto ocidental de Tartus, o segundo mais importante da Síria, referente a empresa russa de engenharia energética Stroytransgaz (STG).
A STG e o Governo do Presidente deposto Bashar al-Assad assinaram um acordo em 2019 relativo à gestão do porto nos próximos 49 anos, mas o director da alfândega em Tartus, Riyad Judi, anunciou no domingo passado, em declarações ao diário sírio Al-Watan, que o acordo havia sido cancelado e que todas as receitas da instalação haviam passado "para o benefício do Estado sírio".
"A administração síria não notificou a empresa russa sobre a transferência do porto de Tartus para a gestão estatal", afirmou hoje um porta-voz da STG em declarações à agência russa TASS.
"A decisão de cancelar o acordo foi tomada unilateralmente", continuou o porta-voz.
O porta-voz da empresa russa explicou ainda que, apesar de Mosocov ter transferido a gestão do porto para uma empresa local em Junho de 2023, a STG continuou a desempenhar "funções de supervisão até ao termo do acordo".
O contrato previa o investimento de pelo menos 477 milhões de euros por parte da Rússia para a modernização do porto sírio.
Os serviços secretos militares britânicos estimaram esta semana que a Rússia "não tem actualmente" acesso à base naval do porto e referiram que o futuro da presença russa no país sob as novas autoridades sírias continua "incerto", devido às relações estreitas entre Moscovo e Assad, aliados estratégicos.
Bashar al-Assad, que esteve no poder 24 anos, fugiu com a família para a Rússia após ter sido destituído a 08 de Dezembro pela coligação liderada pela Organização de Libertação do Levante (HTS), herdeira da antiga afiliada síria da Al-Qaida e classificada como grupo terrorista por países como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e ainda a União Europeia.
A Rússia tem negociado a permanência das suas duas bases, em Tartus e em Khmeimim, fundamentais para a sua política na região e em África, ao mesmo tempo que se retira da Síria. AM