Caracas - Venezuelanos afectos à oposição, entre eles vários luso-descendentes, concentraram-se hoje em várias cidades da Venezuela em apoio a Edmundo González Urrutia, que dizem ser o Presidente eleito do país, e em defesa da democracia e da liberdade, noticia o Notícias ao Minuto.
"Estamos aqui em paz em apoio ao nosso Presidente eleito Edmundo González e a Maria Corina, porque não queremos perder a democracia. Também pela nossa liberdade, cada dia mais assediada. Todos somos chamados a agir e a defender os resultados das eleições presidenciais", disse um luso-descendente.
José Teixeira, 50 anos, falava à Agência Lusa em Chacao, no leste de Caracas, onde centenas de pessoas esperavam a líder opositora Maria Corina Machado, que através das redes sociais prometeu abandonar hoje a clandestinidade para se unir às concentrações anti-regime.
"Estamos em risco de ser detidos, mas não podemos calar a nossa voz. Além disso, Deus está connosco, não temos medo porque Ele fortalece-nos. Podem ameaçar-nos, prender-nos, mas o nosso destino é ser livres", sublinhou o luso-descendente.
A poucos metros e com uma bandeira da Venezuela nas mãos, a luso-descendente Beatriz Pinto, 60 anos, decidiu concentrar-se para "lutar por um melhor futuro para os mais jovens".
"Tenho dois filhos e dois netos que não vejo desde há oito anos, porque tiveram que emigrar. Quero que todos, independentemente da nacionalidade que tenham, se reencontrem numa Venezuela livre, democrática, onde haja segurança e onde possam sair às ruas sem medo de ser presos", disse.
Por outro lado, a luso-descendente Maricarmen Freites, 40 anos, está "cansada de tanta perseguição, do deterioro das condições de vida".
"Recuso-me a emigrar porque este é o meu país. Não sei viver noutro lugar. Há anos lutamos por uma mudança de regimento e Edmundo Mendonza representa essa mudança para nós. Votámos por ele e querem arrebatar o nosso voto", disse.
Afirmou que "o regime" tem "um falso discurso, fala de melhorias das condições de vida e económicas, de democracia, do empoderamento da população, e oprime cada vez mais, mina os direitos".
Vários manifestantes recusaram-se a falar à Lusa por medo de serem identificados pelas forças de segurança e detidos, sublinhando que mais de 2.000 pessoas foram presas depois das últimas eleições presidenciais venezuelanas.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de Julho de 2024, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição venezuelana afirma que Edmundo González Urrutia (que pediu asilo político a Espanha) obteve quase 70% dos votos.
A oposição e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e têm exigido que o CNE apresente as atas de votação para uma verificação independente, algo que o Conselho ainda não fez.
Em 02 de Janeiro, as autoridades venezuelanas ofereceram uma recompensa de 100.000 dólares (cerca de 97,4 mil euros) por informações sobre o paradeiro de Urrutia.
Na semana passada, Maduro avisou que o poder presidencial no país "jamais cairá nas mãos de um fantoche da oligarquia e do imperialismo".
Na sexta-feira, o Governo venezuelano enviou 1.200 militares para todo o país para "garantir a paz" antes e durante a tomada de posse.
Nas últimas 72 horas, quinze conhecidos políticos opositores e activistas venezuelanos foram detidos na Venezuela, entre eles o ex-candidato presidencial Enrique Márquez e o director da organização Espaço Público, denunciou o Comité pela Liberdade dos Presos Políticos (CLPP). MOY/AM