Pequim - A China, que experimentou um rápido desenvolvimento nas últimas décadas, vai ter dificuldade "em manter" um crescimento elevado, advertiu hoje (sexta-feira) o primeiro-ministro chinês, num contexto em que "as incertezas estão a aumentar".
O gigante asiático já está a preparar-se para um abrandamento do crescimento, tendo estabelecido uma meta de "cerca de 5,5%" para este ano, no que será o ritmo mais lento para a China desde o início dos anos de 1990, excluindo o período covid-19.
A China tinha estabelecido um objectivo de crescimento de "pelo menos 6%" no ano passado, atingido pelo país graças a um efeito de recuperação ligado à covid-19.
"A nível global, manter um crescimento médio a elevado para uma economia desta dimensão [como a chinesa] é um grande desafio", admitiu o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, aos jornalistas, à margem do fim da sessão anual da Assembleia Popular Nacional.
Com a pandemia, uma recuperação da epidemia na China e a guerra na Ucrânia, "a economia está a enfrentar novas pressões descendentes", advertiu Li, sem mencionar explicitamente estes factores, mas com uma referência a "vários ambientes complexos em mudança e incertezas crescentes".
Na frente da epidemia, a China continua a seguir uma política de 'zero casos covid', em contraste com muitos países que optam por coabitar com o vírus e levantar as restrições.
Embora a estratégia da China tenha permitido ao país recuperar rapidamente do primeiro choque epidémico, esta estratégia representa custos sociais e económicos elevados, uma vez que perante a identificação de um caso, as autoridades impõem geralmente medidas de contenção rigorosas e em grande escala e realizam repetidos testes em massa da população.
Mas esta abordagem levanta questões sobre a sustentabilidade de uma tal estratégia.
As autoridades sanitárias chinesas anunciaram terem registado 1.369 novos casos de covid-19, nas últimas 24 horas. Este número, que também inclui casos assintomáticos e infecções detectadas em viajantes oriundos do estrangeiro, é o mais elevado em dois anos.
O primeiro-ministro chinês não respondeu à questão sobre o possível impacto que o conflito na Ucrânia poderá ter na economia chinesa.
A China é o maior parceiro comercial da Ucrânia, considerada o celeiro da Europa e fornecedora do gigante asiático de quase um terço das importações chinesas de milho.