Bruxelas - O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, defendeu hoje pressão sobre Israel, através de uma proposta para suspender o diálogo político, de forma a acabar a guerra com o grupo islamita Hamas em Gaza, por não ver "hipótese de isso acontecer"informou o site Noticias ao Minuto.
"Muitas pessoas tentam travar a guerra em Gaza, os Estados Unidos têm exercido muita pressão, muitos dos meus colegas viajam muito para o Médio Oriente, tentam resgatar os reféns e travar a guerra, mas isso ainda não aconteceu e não vejo qualquer hipótese de isso acontecer" para já, declarou o Alto Representante da União Europeia (UE) para os negócios estrangeiros e a política de segurança, Josep Borrell.
Em declarações à chegada à reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, o responsável vincou que "é preciso pôr pressão no governo israelita e, claro, no lado do Hamas, (pois) ambos os lados têm de ser pressionados".
Por isso que há uma proposta concreta hoje em cima da mesa, para demonstrar que o que está a acontecer não está em linha com o direito internacional, adiantou Josep Borrell.
Cita de números da Organização das Nações Unidas (ONU), de cerca de 44 mil mortos em Gaza, 70% dos quais mulheres ou crianças, com a destruição total daquele território palestiniano.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE debatem então hoje a proposta do chefe da diplomacia europeia para suspender o diálogo político com Israel, nas disposições do acordo de associação sobre direitos humanos.
O tema divide os 27 Estados-membros da UE, pelo que não deverá existir um consenso entre os ministros durante o Conselho de Negócios Estrangeiros, reunião na qual Portugal estará representado pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos.
O diálogo político entre a UE e Israel está previsto no quadro de associação entre Bruxelas e Telavive.
Borrell cumpre, assim, a sua promessa de levar esta questão à última reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros a que irá presidir, antes de passar o testemunho à estónia Kaja Kallas, o nome proposto por Ursula von der Leyen para a pasta da diplomacia europeia.
De acordo com os relatórios de organismos internacionais independentes, existem razões para acreditar que Israel está a violar os direitos humanos e o direito humanitário internacional nas suas ofensivas em Gaza e no Líbano.
A proposta de suspensão do diálogo político não significa a suspensão do acordo de associação ou do Conselho de Associação com o país.
Também na agenda da reunião de hoje está a questão da proibição de importar bens oriundos de territórios ocupados na Palestina, não se esperando, porém, também qualquer decisão.
A guerra lançada por Israel contra o Hamas, na Faixa de Gaza, após o ataque terrorista desta organização em 07 de Outubro de 2023, continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente.
Até agora, em Gaza, o conflito fez pelo menos 43.736 mortos (quase 2% da população), entre os quais mais de 17 mil menores, e 103.370 feridos, além de mais de 10 mil desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, de acordo com números actualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos. CQ/GAR