Minsk - Centenas de pessoas que demonstraram solidariedade para com a Ucrânia foram presas numa vasta repressão do presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, segundo a Reuters.
A Rússia é um aliado fundamental deste país na guerra, denunciou hoje, num relatório, um colectivo de activistas dos direitos humanos.
Segundo o relatório do centro de direitos humanos Viasna, pelo menos 1.671 bielorrussos foram detidos devido às posições anti-guerra ou por expressarem solidariedade com a Ucrânia.
Enquanto pelo menos outros 200 deles foram condenados a penas de prisão que variam entre um e 25 anos sob a acusação de "extremismo e conspiração contra o Estado",
Além das detenções, condenações e penas de prisão, o relatório alega que as pessoas foram torturadas, detidas em condições desumanas e multadas, tendo algumas sido sujeitas a tratamento psiquiátrico forçado.
Pelo menos 12 ucranianos na Bielorrússia foram condenados sob a acusação de "extremismo" e de alegadas ligações às agências de segurança ucranianas, tendo-lhes sido aplicadas penas de prisão, disse Ihor Kyzym, um diplomata ucraniano que foi anteriormente embaixador daquele país na Bielorrússia.
Entre os condenados contam-se um estudante de 16 anos, um funcionário público ucraniano e pessoas que têm familiares na Bielorrússia, disse Kyzym.
A Bielorrússia tem uma fronteira de 1.084 quilómetros com a Ucrânia, e os dois países têm laços culturais e históricos de longa data.
Muitos habitantes do sul da Bielorrússia têm familiares do outro lado da fronteira.
Lukashenko, que governa a Bielorrússia com mão de ferro há mais de 30 anos, tem contado com os subsídios e o apoio de Moscovo e permitiu que o Kremlin (presidência) utilizasse o território para invadir a Ucrânia em Fevereiro de 2022, bem como para instalar algumas das armas nucleares tácticas russas em solo bielorrusso.
As autoridades bielorrussas intensificaram a repressão contra a dissidência antes das eleições presidenciais de Janeiro de 2025, a que Lukashenko se candidata a um sétimo mandato.
Na terça-feira, o Ministério do Interior efectuou exercícios anti-motim, sendo tal visto como um sinal do governo de que não tolerará quaisquer protestos.
As autoridades responderam aos protestos maciços que se seguiram à eleição amplamente contestada de Lukashenko em 2020 com uma ampla repressão em que cerca de 65.000 pessoas foram presas.
As principais figuras da oposição foram presas ou fugiram do país. Os ativistas dos direitos humanos afirmam que a Bielorrússia mantém cerca de 1.300 presos políticos, muitos dos quais não têm acesso a cuidados médicos adequados nem contacto com as suas famílias.
A repressão intensificou-se nas últimas semanas, com centenas de detenções em rusgas dirigidas a familiares e amigos de presos políticos e a participantes em 'chats' 'online' organizados por moradores de edifícios de apartamentos em várias cidades.
Ao mesmo tempo, e a três meses das presidenciais, Lukashenko perdoou alguns presos políticos, num aparente sinal de que está aberto ao diálogo com os Estados Unidos e com a União Europeia (UE), que impuseram sanções devido à repressão da dissidência. GAR