Washington - O presidente norte-americano, Joe Biden, comutou um recorde de 2.500 sentenças de pessoas condenadas por crimes não violentos relacionados com drogas a três dias de deixar o cargo, anunciou hoje o seu gabinete.
Biden, citado num comunicado da Casa Branca (presidência), reivindicou ser o presidente dos Estados Unidos que concedeu mais perdões e comutações, segundo a Lusa.
A decisão foi justificada por os condenados "suportarem penas longas que são desproporcionadas em relação às penas que enfrentariam hoje de acordo com a prática da lei e da jurisprudência", segundo a Casa Branca.
Em Dezembro, Biden já tinha concedido 39 indultos e 1.500 comutações, e comutados as penas de 37 das 40 pessoas condenadas à morte pelos tribunais federais.
O líder democrata, católico praticante, espera que este "acto de clemência traga conforto aos indivíduos condenados a longas penas com base numa distinção que já não existe entre 'crack' e cocaína", lê-se no comunicado citado pela agência francesa AFP.
Biden criticou também "um endurecimento desactualizado das penas para crimes relacionados com a droga".
O presidente democrata, de 82 anos, avisou ainda que vai "continuar a rever comutações e perdões adicionais" antes de segunda-feira, 20 de Janeiro, dia da posse do seu sucessor, o republicano Donald Trump, 78 anos.
A declaração da Casa Branca não menciona nomes, embora os meios de comunicação social especulem há semanas sobre a possibilidade de Biden perdoar preventivamente representantes eleitos e altos funcionários ameaçados de serem processados quando Trump se tornar o 47.º presidente dos Estados Unidos.
Os presidentes americanos concedem centenas de indultos e comutações durante os mandatos, com uma aceleração notável pouco antes de deixarem o cargo.
No início de Dezembro, Biden renegou o seu compromisso de não-intervenção ao perdoar o filho Hunter Biden que aguardava sentença em dois processos por posse ilegal de arma de fogo e fraude fiscal.
Em Dezembro de 2020, Trump também perdoou o pai do genro e conselheiro Jared Kushner, Charles Kushner, condenado em 2004 a dois anos de prisão por evasão fiscal.
Charles Kushner foi nomeado embaixador em Paris.
Em 2001, no último dia de mandato, Bill Clinton (1993-2001) perdoou o meio-irmão Roger Clinton, que tinha sido condenado por posse de cocaína em 1985.
Tanto Charles Kushner como Roger Clinton já tinham cumprido as penas de prisão na altura do perdão presidencial. GAR