Paris - Um acampamento com cerca de mil migrantes começou a ser desmantelado hoje (terça-feira) pela polícia em Grande-Synthe, no norte de França, quando a tensão entre Paris e Londres está a aumentar em torno da questão da migração.
"Sob as minhas instruções, a polícia está a realizar na manhã de hoje (terça-feira) o desmantelamento do acampamento de migrantes ilegais em Grande-Synthe", escreveu o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, numa mensagem na rede social Twitter.
A operação decorre numa altura em que aumenta a tensão diplomática entre Paris e Londres sobre a questão da migração.
Darmanin encontrou-se na segunda-feira com a sua homóloga britânica, Priti Patel, mas de acordo com os seus assessores, o desmantelamento de hoje foi "planeado para esta data independentemente" da reunião com a responsável britânica.
Segundo a autarquia local, o acampamento desmantelado é "o principal" de Grande-Synthe e abriga "cerca de mil pessoas".
Os migrantes devem ser encaminhados para centros "onde serão identificados locais de alojamento no norte e noutras regiões" do país.
De acordo com o gabinete do autarca socialista (da oposição) de Grande-Synthe, Martial Beyaert, quase 1.500 pessoas, principalmente curdos, viviam no campo desmantelado, localizado num antigo terreno baldio industrial.
"Precisamos de encontrar uma solução para essas pessoas, principalmente porque vai chegar o inverno. O estado (do tempo) impede-os de irem para o mar e de ficar aqui, é um círculo vicioso", denunciou.
Há anos que os migrantes se deslocam para a costa francesa, para cidades como Grande-Synthe ou Calais, na esperança de chegarem ao Reino Unido, onde acreditam poder encontrar trabalho e os sucessivos desmantelamentos dos seus acampamentos não os têm dissuadido.
A pressão migratória não está a diminuir e, de acordo com o Reino Unido, 22.000 migrantes conseguiram chegar ao país a bordo de pequenas embarcações, incluindo o balanço três mortos e quatro desaparecidos em 2021.
Uma comissão parlamentar de inquérito sobre a migração deve apresentar um relatório hoje, no qual conclui que os migrantes são alvo de "maus-tratos" por parte do Estado francês