Lima - O arcebispo da capital do Peru, Carlos Castillo, fez no domingo um apelo à paz numa missa em memória dos 49 peruanos mortos nos protestos anti-governamentais, exortando o povo a "abandonar o caminho da violência", informou a agência EFE.
Durante a celebração, o arcebispo de Lima também pediu para que "detectem os que dão ordens enganadoras, propagadoras da morte", para "parar a espiral de violência absurda e inédita" no país.
"A esses irmãos que mataram (...) dizemos-lhes com o coração estremecido de dor que o sangue não clama por vingança, mas por misericórdia e paz, mudança de comportamentos", apelou.
Na catedral de Lima, o arcebispo, rodeado de fotografias dos mortos nos protestos, salientou que "há formas pacíficas de resolver as grandes necessidades de cada região pobre do Peru", e rejeitou as intenções de "liquidar o Estado ao qual se opuseram interesses mesquinhos e egoístas".
Castillo instou também os presentes a superarem o "mal endémico da ambição desmedida de poder e dinheiro, coberta de ideologias", defendendo que não se deve "ir para a esquerda, nem para a direita, mas para o fundo das coisas (...) onde podem ser aperfeiçoadas".
O assessor de comunicação do arcebispado de Lima, Juan José Dioses, explicou à agência EFE que a missa foi "um gesto de aproximação e solidariedade" para "honrar a memória" dos mortos nos protestos, que somam quase meia centena desde Dezembro.
Os manifestantes têm exigido a renúncia da presidente Dina Boluarte, a dissolução do Congresso, novas eleições para 2023 e a convocatória de uma assembleia constituinte.
As manifestações iniciaram-se em Dezembro passado após Boluarte ter assumido a chefia do Estado na sequência da destituição de Pedro Castillo, pelo Congresso, acusado de promover um "auto-golpe" que implicava a dissolução da câmara e novas eleições.
Na sequência dos confrontos e do elevado número de vítimas, várias organizações de defesa dos direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional e o gabinete do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos exortaram as autoridades a terminar com o "uso indevido da força contra a população civil" e assegurar o respeito pelos direitos humanos.