Londres - A Amnistia Internacional (AI) pediu hoje o "desmantelamento do 'apartheid' israelita" após os últimos ataques de colonos na Cisjordânia, que deixaram pelo menos quatro palestinianos mortos, vários edifícios e veículos queimados.
“O terrível aumento da violência dos colonos israelitas contra os palestinianos nos últimos dias faz parte de uma campanha de décadas apoiada pelo Estado para desapropriar, deslocar e oprimir os palestinianos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, sob o sistema de 'apartheid' de Israel", afirmou em comunicado o director regional da organização não-governamental para o Médio Oriente e Norte de África.
A violência dos colonos israelitas aumentou nos últimos dias, após as autoridades terem encontrado o corpo sem vida de um rapaz israelita de 14 anos, que o Exército disse ter sido assassinado por palestinianos.
Segundo a AI, entre 12 e 16 de Abril, centenas de colonos realizaram ataques contra aldeias palestinianas na Cisjordânia ocupada, como Aqraba, Al Mughayyir, Beitin, Duma, entre outras, e queimaram veículos, casas e árvores.
Pelo menos quatro palestinianos morreram, quer nos ataques, quer nos disparos do Exército, que costuma estar presente neste tipo de acontecimentos e intervir frequentemente em favor dos colonos.
Os Estados Unidos, a União Europeia, o Reino Unido e a França sancionaram alguns colonos israelitas acusados de participar em ataques violentos na Cisjordânia, mas, segundo a AI, este tipo de medidas são inúteis face à contínua expansão dos colonatos israelitas apoiados pelas autoridades.
Pelo menos 20 comunidades palestinianas na Cisjordânia ocupada foram forçadas a abandonar as suas casas devido à violência dos colonos desde 07 de Outubro de 2023, data do ataque do grupo islamita palestiniano Hamas contra o território israelita, no qual morreram 1.200 pessoas e que desencadeou a actual guerra em Gaza, segundo dados do Centro de Informação Israelitas para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados (B'Tselem).
A Cisjordânia ocupada está a viver a sua maior espiral de violência desde a Segunda Intifada (2000-2005) e só nestes primeiros quatro meses de 2024 pelo menos 138 palestinianos foram mortos por fogo israelita, a maioria dos quais alegados milicianos ou agressores, mas também civis, incluindo cerca de 30 menores, segundo uma contagem da agência EFE.
O Exército intensificou as suas já frequentes incursões na Cisjordânia após o ataque do Hamas e, desde então, mais de 460 palestinianos morreram em incidentes violentos com tropas ou colonos israelitas.
Na sexta-feira, a União Europeia aplicou sanções a quatro pessoas e duas organizações acusadas de violação dos direitos humanos na expansão de colonatos na Cisjordânia e os Estados Unidos fizeram o mesmo em relação a duas entidades envolvidas na angariação de fundos para colonos extremistas já sancionados e acusados de atacar regularmente palestinianos. MOY/AM