EUA, Reino Unido e Austrália apelaram aos cidadãos para saírem do aeroporto de Cabul devido a "ameaças terroristas", quando milhares de pessoas continuam a chegar ao aeroporto para tentar fugir do país.
Os três países emitiram avisos simultâneos, muito específicos e quase idênticos na quarta-feira à noite, segundo noticia o Jornal de Notícias.
As pessoas que se encontram no aeroporto, sobretudo "nas entradas leste e norte devem sair imediatamente", disse o Departamento de Estado norte-americano, citando "ameaças à segurança".
A diplomacia australiana alertou para uma "ameaça muito elevada de ataque terrorista", enquanto Londres emitiu um aviso semelhante.
"Se estiver na área do aeroporto, deixe-o para um lugar seguro e aguarde instruções adicionais. Se for capaz de sair do Afeganistão em segurança por outros meios, faça-o imediatamente", indicou o Governo britânico.
O ministro britânico com a tutela das Forças Armadas, James Heappey, disse à "BBC" que há "informações muito, muito credíveis de um ataque iminente" no aeroporto.
Heappey admitiu que as pessoas estão desesperadas para partir, acrescentando que a informação sobre esta ameaça é "mesmo muito credível" e uma real possibilidade.
Estes avisos surgiram depois de o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter dito que os rebeldes talibãs se tinham comprometido a deixar partir cidadãos dos EUA e afegãos em risco e ainda no país após 31 de Agosto.
"Os talibãs comprometeram-se publicamente e em privado a proporcionar e permitir a passagem segura de americanos, outros estrangeiros e afegãos em situação de risco no futuro, após 31 de Agosto".
Contudo, o responsável não especificou como será organizada qualquer saída, uma vez que as forças norte-americanas deverão deixar o país até ao final do mês, prazo confirmado na terça-feira pelo Presidente dos EUA, Joe Biden.
Também a Alemanha disse, na quarta-feira, ter recebido garantias dos talibãs de que os afegãos podiam deixar o país em voos comerciais, após a retirada final das tropas norte-americanas naquela data.
O chefe adjunto do gabinete político dos talibãs no Qatar, Sher Abbas Stanekzai, "garantiu que os afegãos com documentos válidos continuarão a poder viajar em voos comerciais após 31 de Agosto", escreveu, na rede social Twitter, Markus Potzel, um diplomata alemão que está a negociar com fundamentalistas islâmicos afegãos, no final de uma reunião no Emirado.
A Bélgica anunciou que a retirada de cidadãos e afegãos, sob protecção belga, terminou na quarta-feira à noite, e a França avisou que o transporte aéreo vai terminar esta noite.
Na terça-feira, numa cimeira virtual com outros líderes do G7, Biden excluiu o alargamento da presença militar norte-americana em Cabul além de 31 de Agosto, citando um "sério e crescente risco de ataque" do grupo extremista Estado Islâmico (EI) ao aeroporto.
Os talibãs conquistaram Cabul em 15 de Agosto último, concluindo uma ofensiva iniciada em Maio deste ano, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos EUA contra o regime talibã (1996-2001), que acolhia no território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.