Berlim - A Alemanha reiterou hoje a sua disponibilidade para participar numa missão europeia para proteger o tráfego comercial no Mar Vermelho dos ataques dos rebeldes iemenitas Hutis, opção que está a ser discutida em Bruxelas "de forma intensa e urgente".
"Estamos prontos a participar", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, Sebastian Fischer, numa conferência de imprensa em Berlim.
A partir da próxima semana, a questão será discutida pela primeira vez ao nível da União Europeia (UE), disse o porta-voz da diplomacia alemã, acrescentando que todas as implicações legais e constitucionais têm de ser examinadas antes de se poder tomar uma decisão.
Já o porta-voz do Ministério da Defesa alemão, Mitko Müller, recusou-se a fornecer pormenores específicos sobre o formato de uma eventual participação alemã até que sejam conhecidas "as condições de enquadramento".
"Temos de esperar para ver como será a decisão política, o possível mandato e o plano operacional, para depois podermos determinar como vai ser o possível envolvimento da Alemanha", disse.
De acordo com um documento do Serviço Europeu para a Acção Externa (SEAE, o serviço diplomático da UE) divulgado por vários meios de comunicação social, os planos em consulta em Bruxelas incluem o envio de, pelo menos, três navios de guerra para proteger os cargueiros de possíveis ataques.
A nova missão, que pode vir a ter como base uma zona entre o Mar Vermelho e o Golfo Arábico, poderá começar a funcionar no final do próximo mês.
Em vez de ser uma expansão da missão antipirataria Atalanta - devido à relutância da Espanha - está agora a ser considerada a possibilidade da nova missão se basear na actual missão de vigilância Agenor, que envolve actualmente nove Estados europeus (Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Itália, Países Baixos, Noruega e Portugal).
Os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram na quinta-feira à noite vários ataques contra os rebeldes iemenitas Huthis, que nos últimos meses lançaram operações contra vários navios de carga (israelitas ou com ligações a Israel) em retaliação pela guerra na Faixa de Gaza, levando quase 20 companhias de navegação a redireccionar os seus navios para evitar o Mar Vermelho.
A fábrica de automóveis Tesla na Alemanha anunciou hoje que vai ter de suspender parte da produção durante duas semanas devido a dificuldades na cadeia de abastecimento causadas por atrasos nos transportes marítimos.
Um porta-voz do Ministério da Economia alemão disse que a situação apresenta "desafios" e que não se pode excluir que algumas fábricas possam ocasionalmente ver a produção afectada, embora tenha dito que, de momento, não há indicações de que possa haver "um efeito negativo na economia como um todo". JM