Cabul - A alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu aos talibãs que respeitem as liberdades de expressão e reunião no Afeganistão, durante uma visita realizada quinta-feira àquele país, foi hoje (sexta-feira) anunciado.
Bachelet reuniu-se com representantes do regime talibã, ainda não reconhecido pela ONU, como o vice-primeiro-ministro e ministro do Interior talibã, Sirajuddin Haqqani, mas também com representantes da sociedade civil afegã, como trabalhadores de organizações não governamentais (ONG), jornalistas, médicos e professores, referiu a responsável, em comunicado hoje (sexta-feira) divulgado.
O alta-comissária instou as autoridades talibãs, que recuperaram o poder central no Afeganistão em 15 de Agosto de 2021, a "respeitar a liberdade de expressão e de reunião, bem como o papel da imprensa independente, evitando o uso de violência contra vozes críticas".
A tomada do poder pelos talibãs reduziu os conflitos armados no país, "mas a crise humanitária e económica pode causar muito mais mortes", alertou Bachelet, lembrando que um em cada três afegãos não tem segurança alimentar e os altos níveis de desemprego e deslocamentos internos persistem.
Michelle Bachelet sublinhou ainda que a amnistia concedida pelos talibãs aos responsáveis do Governo anterior é "um passo importante para a reconciliação", mas lamentou que continuem a ser feitas rusgas à procura de antigos colaboradores, tendo sido denunciada a existência de execuções extrajudiciais de ex-responsáveis governamentais, ataques a ex-juízes, a defensores de direitos humanos e a jornalistas.
As mulheres com quem Bachelet se encontrou "expressaram a necessidade de recuperar os seus direitos humanos, incluindo a liberdade de expressão e de reunião, a liberdade de trabalhar e a possibilidade de viver sem medo de represálias", disse a alta-comissária.
Apesar de várias mulheres detidas arbitrariamente em Janeiro por se manifestarem já terem sido libertadas, a alta-comissária e antiga Presidente do Chile lamentou que o tratamento que sofreram durante a sua detenção as tenha deixado sem capacidade de "poder continuar a protestar no Afeganistão para pedir que os direitos das mulheres sejam mantidos".
Após a sua visita ao Afeganistão, Bachelet pediu ainda às autoridades afegãs que cumpram o seu compromisso de permitir que meninos e meninas tenham acesso a uma educação, face à reabertura das escolas, agendada para 22 de Março.