Londres - O governo britânico excluiu nesta sexta-feira a possibilidade de realizações de eleições na província da Irlanda do Norte antes do Natal, uma hipótese que tinha sido colocada para solucionar os efeitos do Brexit.
"Neste momento, posso confirmar que não vai decorrer nenhuma eleição em Dezembro, ou antes da quadra festiva do Natal. Este é o anúncio que vou fazer no Parlamento para indicar as minhas próximas etapas", indica o ministro Chris Heaton-Harris, responsável pela Irlanda do Norte, através de um comunicado.
Desta forma, esperam-se as novas decisões do ministro responsável pela Irlanda do Norte até porque Heaton-Harris devia convocar eleições num prazo de 12 semanas após o dia 28 de Outubro, altura em que terminou o período para os partidos da província britânica da Irlanda do Norte formarem um novo Executivo local.
"A legislação actual obriga-me a estabelecer uma data sobre a realização de eleições dentro das 12 semanas, após o dia 28 de Outubro. Na próxima semana vou fazer uma declaração no Parlamento para expor os meus próximos passos", acrescenta o ministro.
Heaton-Harris disse ainda que tem como objectivo "restaurar" um governo "forte e descentralizado" na província britânica da Irlanda do Norte.
"O meu dever é criar um ambiente adequado para que as partes - na Irlanda do Norte - trabalhem juntas para restaurarem as instituições e resolverem os problemas cruciais que afectam as pessoas da Irlanda do Norte", frisou.
A Assembleia local não está estabelecida por causa do veto do Partido Democrático Unionista (DUP), pro-britânico.
Os unionistas abandonaram o Executivo de Belfast no passado mês de Fevereiro e desde as eleições de Maio negam-se a fazer parte de um governo liderado pelo Sinn Fein e exigem a Londres e a Bruxelas a aprovação de uma reforma do protocolo do Brexit.
Em alternativa, o DUP pede ao governo de Londres para aprovar medidas unilaterais que sejam do agrado dos unionistas.
Actualmente, o protocolo estabelece que a Irlanda do Norte mantenha os vínculos com o mercado do bloco europeu, mas as mercadorias que circulam entre a Grã-bretanha e a província da Irlanda do Norte devem passar pela alfândega.
O controlo aduaneiro contraria a fronteira "invisível" entre a República da Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte que foi estabelecida no Acordo de Paz da Sexta Feira Santa, em 1998, e que pôs fim ao conflito.
Por outro lado, após o Brexit, foi imposta uma fronteira marítima que para os unionistas põe em perigo a relação com o Reino Unido, sobretudo numa altura em que, afirmam, os nacionalistas do Sinn Fein querem avançar com as propostas históricas de reunificação com a República da Irlanda.