Berlim - Um grupo de activistas ambientais do colectivo alemão conhecido como Ende Gelande bloqueou hoje o acesso a uma central termoeléctrica a carvão em Scholven, na zona oeste da Alemanha, para exigir o abandono imediato desta fonte de energia.
De acordo com um comunicado do colectivo, cerca de 100 activistas estão envolvidos na acção contra a central explorada pela empresa de energia Uniper, para protestar contra o impacto do consumo de carvão no ambiente e nas comunidades indígenas.
A polícia está no local, mas ainda não interveio.
Segundo um porta-voz do Ende Gelande, Jule Fink, a central de Scholven emite cerca de 20.000 toneladas de dióxido de carbono por dia, contribuindo assim de forma "significativa" para o aquecimento global que está a tornar inabitáveis muitas regiões do mundo.
O grupo destaca, o impacto da extracção de carvão nas comunidades indígenas, como os Wayú e os Yupka, na Colômbia, e sublinhou que neste país latino-americano 60.000 pessoas foram deslocadas por este motivo e 2.600 foram mortas.
"Há décadas que lutamos contra as empresas multinacionais que vêm com promessas de desenvolvimento e nos deixam apenas desigualdade, injustiça, deslocação e destruição ambiental", disse Maria Fernanda Becerra Muñoz, do colectivo afro-colombiano Mujeres Guerreras.
É um carvão manchado de sangue e que traz consigo danos irreparáveis aos ecossistemas e que destruiu as estruturas sociais de muitas comunidades, acrescentou Guerreras.
Em resposta à crise energética desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, o Governo alemão tomou a decisão, em 2022, de conectar à rede 14 centrais termoeléctricas a carvão que tinham passado à reserva ou que iam ser desligadas, incluindo a de Scholven.
Esta medida aumentou as importações de carvão da Colômbia, entre outros países.
A Alemanha comprometeu-se a abandonar a utilização de carvão até 2038. CNB/GAR