Luanda - O escritor e poeta Viriato da Cruz foi homenageado, esta quarta-feira, em Luanda, pela União dos Escritores Angolanos (UEA), dada a sua contribuição para a afirmação da literatura e cultura nacionais.
A iniciativa enquadra-se no 48º aniversário da fundação da UEA e dos 50 anos do passamento físico do escritor, pelo que serviu também para distinguir Viriato como membro honorário da instituição a título póstumo.
Na ocasião, o presidente da Mesa da Assembleia da UEA, Lopito Feijó, atribuiu uma menção honrosa à filha do poeta, Marília Viriato da Cruz.
Ao proceder a abertura do acto, o secretário-geral da UEA, David Capelenguela, disse tratar-se do momento certo para a homenagem a este icon do nacionalismo angolano .
Para o responsável, Viriato da Cruz foi um homem comprometido com o país, "flagrado de corpo e alma", que sempre defendeu e buscou permanentemente a renovação cultural e social do conceito de angolanidade .
“Estamos a testemunhar nesse exacto momento a atribuição do estatuto de membro honorário da UEA ao escritor, poeta e nacionalista angolano que muito contribuiu e engrandeceu a cultura", enfatizou
Por sua vez, o presidente da Mesa da Assembleia da UEA, Lopito Feijó, destacou Viriato da Cruz como uma das maiores referências da poesia angolana, que já mais deve ser esquecido.
“Este nacionalista não deve ser esquecido no contexto literário actual, pois conseguiu se revelar um grande defensor da liberdade nacional “, acrescentou.
Sem especificar, referiu ainda que o homenageado teve um legado que deve ser valorizado e estudado pela população.
Já Marília Viriato da Cruz, filha do poeta Viriato da Cruz, agradeceu o tributo, alegando que o pai foi um patriota que amou profundamente o país.
Biografia
Viriato da Cruz nasceu em Kikuvo, Porto Amboim, em 1928. Completou os estudos liceais em Luanda. Foi igualmente político. Morreu a 13 de Junho de 1973, em Pequim, na República Popular da China.
Como escritor caracterizou-se nas suas obras pelo apego aos valores africanos, quer pela temática quer pela forma.
A sua produção está dispersa por publicações periódicas e representada em várias antologias, das quais uma - "No Reino de Caliban" - reúne a sua obra poética.
Foi um dos principais mentores do Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (1948) e da revista Mensagem (1951-1952), além de membro-fundador e o primeiro secretário-geral do MPLA, durante os primeiros anos da década de 1960.
Em 1957, Viriato Clemente Francisco da Cruz saiu de Angola para Paris, França, onde juntau-se a Mário Pinto de Andrade, com quem desenvolveu intensa actividade política e cultural.
Publicações
Em 1961 publicou a Colectânea Poemas, produzida entre 1947 e 1950, pela Casa dos Estudantes do Império (Lisboa - Portugal). E em 1974 disponibilizou a Colecção Cadernos Capricórnio 25, a partir do Lobito (Benguela).ECC/MDS/VM