Luanda – O escritor e nacionalista angolano, Agostinho André Mendes de Carvalho “Uanhenga Xitu”, foi esta quinta-feira, em Luanda, homenageado como autor do mês (in memoriam), pela MAYAMBA Editoras.
O acto de homenagem, que contou com a presença da família, escritores e amigos, contou com momentos culturais e intervenção de algumas figuras, entre as quais David Capelenguela, Jofre Rocha e Roberto de Almeida, foram unânimes em referenciar as qualidades literárias, políticas e humanas de uma das figuras que marcou o nacionalismo angolano.
Segundo o director da MAYAMBA Editoras, Arlindo Isabel, o acto é uma homenagem que se faz todos os meses a um autor angolano, desta vez, e pela comemoração dos 99 anos, assinalados neste mês de Agosto, resolveu-se então recordar a figura de Uanhenga Xitu.
Arlindo Isabel referiu que o homenageado muito influenciou com as suas obras, atitude e participação na fundação do Estado angolano, bem como afirmação das letras angolanas.
O responsável avançou ainda que por altura da comemoração do centenário do nascimento de Mendes de Carvalho em 2024, haverá uma homenagem à altura desta grande figura.
Por sua vez, Roberto de Almeida, um contemporâneo do homenageado, referiu que guarda consigo algumas recordações, pois privaram muitas vezes, tanto no trabalho, como em algumas sessões de lazer, tendo recordado Uanhenga Xitu como um exímio jogador de sueca.
“Tinha um bom espírito de companheirismo e camaradagem, tendo ainda um sentido de humor bem apurado”, sublinhou.
Já o filho Adriano Mendes de carvalho sublinhou que a homenagem é merecida, uma vez que foi uma grande nacionalista, um homem de letras que se dedicou muito a cultura angolana.
“Diga-se em abono da verdade que ele deu muito para este país e deixou ficar um grande legado”, referiu.
O autor foi ainda agraciado com um certificado em memória pelos seus préstimos incomparáveis na literatura angolana.
Biografia
Uanhenga Xitu é o nome do ficcionista angolano Agostinho André Mendes de Carvalho, nascido em Calomboloca, Icolo e Bengo, a 29 de Agosto de 1924.
Era enfermeiro de profissão, foi preso pela Polícia Portuguesa (PIDE) em 1959, por actividades políticas, que visavam a independência de Angola e , de 1962 a 1970, esteve preso no campo de concentração do Tarrafal e Cabo Verde.
É um dos membros fundadores da União dos Escritores Angolanos (UEA), da qual foi presidente da comissão directiva.
Escritor prestigiado de Angola e no estrangeiro, as suas obras encontram-se traduzidas em várias línguas.
Escreveu várias obras, com destaque para O Meu Discurso (1974), Mestre Tamoda (1974), Bola com Feitiço (1974), Manana (1974), Vozes na Sanzala (1976), Mestre Tamoda e outros Contos (1977), Maka na Sanzala (1979), Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem (1980), Discurso do Mestre Tamoda (1984), O Ministro (1989), Cultos Especiais (1997). ANM/ART