Dondo - Um memorial dedicado à chegada dos primeiros escravos de origem angolana ao território norte-americano está a ser construído no “Fort Manuel”, um museu na cidade americana de Humper, informou, terça-feira, em Massangano, a representante da família Tucker, Wanda Tucker.
O monumento vai ser representado por uma seta que indica a linha directa para Angola, local de origem dos ancestrais daquela família.
A estátua, cujo projecto está a ser implementado pela ONG Sociedade William Tucker 1624, vai integrar também as figuras dos dois antepassados da família, nomeadamente, António e Isabella.
A mesma visa contribuir para a concretização da história comum e do conhecimento da profunda relação que existe entre os dois lados do Atlântico, no caso Angola e os Estados Unidos da América.
De acordo com Wanda Tucker, que não avançou o período de implementação do projecto, afirmou que o mesmo vai reforçar os laços de amizade e empatia entre os dois povos.
“Queremos aprofundar mais essa relação e assegurar que os dois lados aprendam um com o outro e trabalhem no espírito de parceria, pois, o mais importante é assegurar que a verdade do tráfico de escravos seja conhecida mundialmente”, frisou.
Por sua vez, a cidadã norte-americana Hoper Harper e membro do conselho da cidade da Humper (Virgínia), que está em Angola pela primeira vez, disse que ficou impressionada com a história do tráfico negreiro.
“Não há palavras para caracterizar o que se passou aqui, mas o facto de estarmos aqui, tivemos o privilégio de ter sobrevivido”, sublinhou a também afro-descendente.
Referiu que o concelho da sua cidade está comprometido em colaborar na educação e captação de investimentos e estabelecimento de parcerias, para ajudar a desenvolver Angola.
Esta é a sétima visita da família Trucker à Angola e em Massangano.
Estas visitas constam de um projecto da ONG Sociedade William Tucker 1624, destinado a ajudar afro-americanos a localizar suas raízes ancestrais.
Reconectar-se com o passado, estreitar laços de amizade, fraternidade e irmandade com Angola, explorar o património cultural existente e realizar visitas a locais históricos da rota transatlântica de escravos, constitui outro objectivo do projecto.
Angola e os Estados Unidos da América possuem um caminho histórico comum que remonta desde Agosto de 1619, altura em que pisavam o solo americano os primeiros escravos saídos de Angola.
Estima-se que foram para os Estados Unidos da América cerca 32 milhões de escravos descendentes de angolanos.
Dados históricos indicam que os primeiros 20 negros africanos de origem angolana chegaram à Baia de Chesapeake, em Jamestown, Virgínia, na altura uma colónia britânica, em Agosto de 1619. DS/IMA/PA