Talatona – O historiador brasileiro e professor universitário Ivanildo de França Lima considerou, nesta terça-feira, em Luanda, o tocoísmo como património de Angola e da região Austral por conter na história elementos de identidade e de memória dos referidos povos.
Segundo o historiador brasileiro que falava, à margem do Colóquio sobre “Tocoismo, História, Identidade, Religião e Teologia, o movimento religioso é o elo de identidade Cultural dos africanos, devido a participação marcante de seu líder Simão Gonçalves Toco na luta de libertação Nacional, assim como o seu papel assertivo na luta de libertação nacional contra o colonialismo.
“Não se pode descurar do papel marcante de Simão Toco na luta de libertação de Angola e pelo facto de ter sido perseguido e escorraçado no tempo colonial, ele era tido como parte da escória daquela sociedade”, disse.
De acordo com o professor da Universidade da Bahia, que abordou o tema” Tocoismo na luta anti-colonial 1949-1975, a religião tocoista não é apenas uma vertente cristã reformada na acepção Presbiteriana ou Baptista, mas é uma crença original por trazer consigo elementos compostos das tradições dos povos da África ocidental também.
Na sua visão, a repressão de Simão Toco na era colonial, impulsionou o crescimento do movimento, porque à medida que era reprimido conseguia espalhar os seus ideias e embrenhar mais seguidores, deste modo, referiu que não se pode desassociar as memorias de Angola, à existência do tocoismo.
Explicou que nas universidades brasileiras ainda há um estereótipo sobre a África, associada ao “Candoble”, situação que tem levado o académico a realizar trabalhos árduos para a mudança de mentalidade.
Por sua vez, o professor Doutor Rodrigo Rezende, que abordou o tema “Tocoismo ou Cristianismo com matriz local: identidade religiosa na construção da teologia Tocoista, defendeu que o tocoismo é um cristianismo com uma identidade própria.
Para o professor doutor Everton Nery que abordava o tema “Tocoismo: Quais são os caminhos para uma Teologia?", o cristianismo tocoista vivenciado em Angola tem referências daquilo que é praticado no Brasil e os elementos estão ligados a cultura local. “Penso que Simão Gonçalves Toco conseguiu personificar aquilo que é colocado no livro sagrado da figura de Jesus Cristo”afirmou.
O primeiro colóquio sobre : Tocoismo: história, Identidade, Religião e Teologia que se realiza no Instituto Superior Tocoista (ISPT) tem como objectivo criar alicerces científicos sobre a teologia tocoista e pontes para divulgação do tocoismo nas universidades brasileiras.
Fazer com que os estudantes tocoistas aprendam o valor histórico e heroico dos tocoistas na luta de libertação de Angola, fazem parte do objetivo do colóquio que terá duração de dois dias.GIZ/MAG