Luanda - O teatrólogo angolano Tony Frampênio lança, a 6 de Julho, as obras “A raiva”, “A grande questão” e “ Teatro da tarimba”, com abordagens sobre o mundo do teatro.
Trata-se das primeiras obras em livro de Tony Frampênio, depois de as ter publicado em palco e em DVD, que abordam a problemática sociocultural, política e económica do país, particularmente da cidade de Luanda.
Para o autor, o teatro ganha com esta iniciativa, pois não é praxe o lançamento de obras dramáticas em livro e tão pouco se fazem estudos sobre teatro que versam a realidade angolana.
Conforme o autor, “A raiva” e “A grande questão” versam sobre a problemática social do país, com maior incidência na capital Luanda.
Já “Teatro da tarimba” é um estudo científico fruto do seu trabalho de defesa de licenciatura em teatro, na Faculdade de Artes “Angola”.
Este estudo, adianta, aborda a problemática do teatro feito em Angola, tendo como "caso de estudo" a Companhia de Teatro Horizonte Njinga Mbande.
Tony Frampênio avançou que “A raiva” e “A grande questão” já existiam como obras de teatro, encenadas em palco há 10 anos. Para a sua concepção em livro levou 2 anos.
“Apesar de serem obras de arte, teatro, elas podem ser consumidas por um público heterogéneo. Pois nelas contém a história do povo angolano. A sua identidade, a sua cultura, e muitos dados importantes, relevantes mesmo, para consulta e ajuda na explicação e resolução de fenómenos culturais da nossa sociedade. Obviamente que a classe artística e os académicos terão maior interesse nelas”, reforçou o autor.
O autor adianta que no país ainda existe um teatro nacional na acepção do termo "Nação", que instiga os fenómenos da cultura e que funciona como um verdadeiro veículo de exaltação da angolanidade.
“Este teatro existiu nos anos 80, com o casamento que se verificava com a literatura de Pepetela, Costa Andrade “Ndunduma”, Manuel Rui Monteiro, Uanhenga Xito, Óscar Ribas, José Mena Abrantes. Hoje, o que se verifica é um divórcio do teatro com a literatura, o que, de certo modo, bílisca o valor axilógico que esta disciplina artística aufere e, concomitantemente, desvaloriza, com o actual teatro praticado, de pouca profundidade filosófica e estética, aquilo que deveria ser chamado de teatro nacional”, frisa.
Tony Frampênio aponta a falta de falta de políticas claras e pragmáticas, as poucas e degradadas infra-estruturas, a falta de formação de qualidade, incentivos e promoção das artes como factores que relegam o teatro à condição de produto não rentável para a economia do país.
Citando Mena Abrantes, adianta que existe apenas a vontade dos fazedores de teatro que conflitua com as dificuldades do mercado.
“Como disse, quase que não existem estudos científicos nesta área. Mena Abrantes é um dos poucos. Temos também Agnela Barros, Africano Kangombe e talvez mais alguns na floresta do mayombe”, lamenta, frisando que a sua intenção é contribuir na mudança do paradigma teatral em Angola.