Luanda - A concorrente da província do Namibe, Supe Muteca, venceu, com a música "Mãe Africa", a edição 2023 do Top dos Mais Queridos.
A vencedora foi conhecida durante uma gala que aconteceu na Tenda do Centro de Conferência de Belas (CCB), em Luanda, cerimónia foi testemunhada pelo secretário de Estado para Comunicação Social, Nuno Caldas.
Supe Muteca recebeu um diploma e o valor de dois milhões de kwanzas.
Em segundo lugar foi distinguido Andrade Félix, da proviíncia do Moxico, autor da música "Cunanga” e na terceira posição a dupla do Huambo, Grande Nico e Tiago, com a música "Linga upanguewove”.
Para estas categorias foram atribuidos um diploma e o valor de um milhão e de 800 mil kwanzas, respectivamente.
O top distinguiu ainda Carlos Lamartine com prémio da crítica, tendo sido agraciado com um diploma e cheque no valor de um milhão e 500 mil kwanzas.
A vencedora agradeceu a todos que votaram em si, pois só assim foi possível atingir o primeiro lugar.
Disse que vai apostar na sua carreira criando temas construtivos e acreditar mais em si.
Moradora no bairro 5 de Abril começou a carreira em 2019, no concurso Melv Voice, uma iniciativa da Proart Namibe.
A jovem estudante depois de convencer a organização, passou a ser convidada para outras actividades.
Em 2019, concorreu para a fase provincial do Variante, mas não foi bem-sucedida e repetiu em 2021.
Um ano depois venceu, a nível local, o Concurso de Trova "Cantar Agostinho Neto” e foi considerada a Voz Revelação na edição nacional e, este ano, com "Mãe África”, a única voz feminina no Top dos Mais Queridos arrebata o troféu maior.
História
A primeira edição do Top dos Mais Queridos aconteceu em 1982 quando os integrantes do programa "Para Jovem” realizam um concurso para conhecer quais eram os artistas individuais e os conjuntos mais apreciados pelo público ouvinte da Rádio Nacional. É desta forma que nasce o Top dos Mais Queridos.
A iniciativa de João Chagas, Paulo Araújo e Sérgio Carvalho, um trio jovem que na época estava preocupado com a valorização da música nacional, teve a confiança da dupla Guilherme Mogas e Maria Luisa Fançony, respectivamente director-geral e directora de programas. O evento entrou no ritmo e encaixou nas festividades do 5 de Outubro, entregando o prémio aos vencedores numa actividade no auditório da RNA.
Com o êxito do evento, no ano seguinte a direcção chama Gilberto Júnior para realizar o Top dos Mais Queridos, missão que este abraça nas cinco edições seguintes. Proletário é consagrado nesta edição como o Mais Querido cantor individual e Os Jovens do Prenda voltaram a vencer na categoria agrupamento musical. No ano seguinte Os Kiezos destronam os Jovens do Prenda e Pedrito volta a ser o Mais Querido.
Em 1985 Os Kiezos bisaram na categoria dos conjuntos. Foi naquele mesmo ano que José Kafala ganhou com uma forte mobilização dos militares. 1985 torna-se o último ano em que o concurso foi disputado em duas categorias.
No ano seguinte, Pedrito conquista pela terceira vez o Top dos Mais Queridos, na mais renhida disputa, destronando Carlos Baptista, numa noite memorável na Cidadela Desportiva.
Mamborró fez a travessia de estrela da canção infantil a cantor adulto e colocou o seu nome na galeria dos vencedores. Jacinto Tchipa aparece e conquista o coração e o sentimento dos angolanos, era o cantor fardado, sendo transformado num ícone juvenil. Tchipa faz história ao vencer duas edições consecutivas, 1987 e 1988, ambas galas realizadas fora de Luanda, respectivamente nas cidades do Lubango e Benguela.
Nestas últimas edições também participaram representantes das restantes províncias e é assim que em 1990 Os Pacíficos da Huíla são consagrados como os Mais Queridos e no ano seguinte, depois de representar o Kuando Kubango, Moniz de Almeida foi consagrado no Huambo.
Estamos na fase da abertura democrática, os Acordos de Bicesse traziam algumas esperanças, com o fim da guerra civil, mas surgiu o violento conflito pós-eleitoral e é assim que em 1992 o Top dos Mais Queridos fica suspenso. A suspensão duraria nove anos.
Em 2001 o Top dos Mais Queridos regressou, com uma actividade de massas realizada em Benguela, onde, proveniente da Terra do Jacaré Bangão, o então desconhecido Jovem Leão é sagrado vencedor. Euclides da Lomba, recém-chegado de Cuba, aposta forte na Kizomba, tendo o romantismo como diferencial e também colocou o seu nome na galeria dos vencedores.
Patrícia Faria aposta numa carreira a solo, depois de desvincular-se das Gingas do Maculusso. Com a boa recepção de "Eme Kya” foi a primeira mulher a vencer o Top dos Mais Queridos, numa edição realizada em Cabinda. Sabino Henda, com um histórico de papão de vários concursos musicais, encanta os angolanos e convence os eleitores em 2004 com "Embrião”.
De seguida vem um "kadiavu” do Sambila, Bernardo Jorge "Bangão”, que com cuidado revelou-se com sucessos como "Dioguito”, "Fofucho” e outros onde as histórias luandenses eram evidenciadas. No seguimento Miguel Zau, o Mig, bombardeou com "Maka Mami” e ninguém o segurou na subida triunfal para o Top dos Mais Queridos de 2006.
Nas três edições seguintes uma nova geração de artistas emerge e o povo viu-se revelado nas canções de Matias Damásio, Maya Cool, Yuri da Cunha e Yola Semedo. Em 2011, depois de muito tempo no mercado e com aceitação popular, Paulo Flores foi o mais votado do Top dos Mais Queridos. No ano seguinte não houve concurso, sendo o Top dedicado aos vencedores das edições passadas.
Matias Damásio reconquista o troféu em 2013 e, depois de muitos anos entre os dez primeiros classificados, Ary torna-se a referência artística do ano, numa edição realizada em Malanje, com o tema "Paga que Paga”. Dois anos depois, como resultado de uma parceria com Baló Januário, com "Papá Fugiu” Ary volta a ganhar a simpatia do público e vence o Top dos Mais Queridos.
As três últimas edições com os vencedores sendo eleitos consagraram Kiaku Kiadaff, Yanick Afroman e os Picantes. Essas edições trouxeram um indicador do voto regional e do poder das campanhas nas plataformas digitais. Em 2018 Kiaku Kiadaff trouxe a onda da Kizomba com a força do Norte e no ano seguinte, apelando ao orgulho étnico-cultural, Yanick Afroman levantou a bandeira do Rap em "Eu sou Bakongo”.
Os Picantes do Huambo, os mais queridos de 2021, são considerados os vencedores mais improváveis do Top dos Mais Queridos. O feito surgiu depois de nomes locais conhecidos fora dos limites da província, como Bessa Teixeira e Justino Handanga, em edições anteriores ficarem entre os dez melhores classificados, mas nunca atingirem o pódio apesar do reconhecimento.
Em 2022, o festival homenageou o centenário da fundador da nação, António Agostinho Neto. SJ/ART