Lobito - O cantor Sabino Henda pretende retomar, no primeiro semestre de 2025, um projecto musical interrompido há anos devido a constrangimentos de ordem técnica, soube esta terça-feira a ANGOP.
Em entrevista à ANGOP, o artista disse tratar-se de dois álbuns que estavam a ser produzidos no estúdio "Letras e Sons", mas que não foram terminados.
"Ficou em falta a masterização e mistura, e este trabalho vai obrigar-me a fazer tudo de novo, mas não nesta fase", explicou.
Em termos de compromissos para shows, afirmou não ter razões de queixas, por ter vários convites e consegue cumpri-los, apesar do seu trabalho na condição de militar. Sabino Henda é capitão de corveta da Marinha de Guerra de Angola.
"Estas duas funções não colidem, porque nas Forças Armadas também estou ligado à cultura, concretamente na Educação Patriótica", afirmou.
Quanto aos estilos musicais, o artista aposta no rumba, semba e kizomba, por influência de várias bandas musicais que o acompanharam, mas também toca o folclórico.
Produziu quatro álbuns, nomeadamente "Poeira velha", "De lá pra cá", "Sobrevivo só" e "Amilon", tendo a música "embrião" como a mais conhecida do seu reportório.
Em relação aos prémios, colecciona 18 na sua galeria. Na sua maioria, foram arrebatados em 1999, quando venceu os prémios dos Direitos Humanos, Nação Coragem, Canção de Luanda Antena Comercial (LAC) e Melhor Kizomba. Em 2000 ganhou o Festival Variante.
Falando sobre a música nacional, o cantor disse estar muito competitiva, mas lamentou a atitude da nova geração que quer atingir o estrelato muito rapidamente.
"Há muita música boa mas que dura muito pouco tempo", considera.
O artista avançou ainda que as entidades afins não fazem nenhuma censura, por isso existem letras com péssima qualidade, algumas delas com palavrões, por causa de uma certa liberdade de expressão, o que não existia antigamente.
Actualmente, acrescentou, a maior parte deles não se preocupa em criar melodias. "Já existem programas para o efeito, os chamados bits. Depois de seleccionados, é só colocar a voz em cima e está feita a música".
Aconselhou os jovens a não se precipitarem, porque a música exige sacrifício. "Alcançar a fama é facil, mas o difícil é a sua sustentabilidade", enfatizou.
O cantor revelou que há jovens que ignoram os conselhos dos "mais velhos", interpretando isso como inveja. “Pensam que os mais velhos estão ultrapassados e, por causa deste comportamento, muitos fazem uma música, adquirem a fama e no ano seguinte são mendigos", enfatizou.
Referiu-se também sobre os direitos do autor, advogando que "estamos a começar, por isso, não se deve criticar ainda as acções da entidade responsável para o efeito".
Sobre a música angolana além fronteiras, Sabino Henda é de opinião que deve haver mais trabalho e apoio institucional do Estado.
"Muitos dos nossos jovens vão para a Diáspora, mas, ao invés de levarem coisas novas, apresentam um trabalho que já existe e depois voltam de lá tal qual saíram daqui", afirmou.
Segundo o artista, é preciso inovar para ganhar espaço no mercado internacional.
Deu exemplo de Eduardo Paim, Paulo Flores, Bonga e Teta Lando, que conseguiram se afirmar fora do país, mas considera que isso não foi o suficiente para abrir portas para outros. TC/CRB