Bailundo – O estatuto do poder tradicional em Angola, seus direitos e deveres, está a ser discutido desde hoje, terça-feira, pelos reis e sobas grandes do país, durante a primeira assembleia nacional extraordinária de balanço da ANSTA.
Com término previsto para quinta-feira, o encontro, promovido pela Associação Nacional de Soberania Tradicional de Angola (ANSTA) decorre na Ombala Yo Mbalundu, arredores da vila municipal do Bailundo, 75 quilómetros a Norte da cidade do Huambo, sob o lema “Fortalecer a soberania tradicional de Angola.
O evento visa analisar as actividades dos últimos dois anos da associação e elaborar um documento orientador sobre os direitos e deveres das autoridades tradicionais do país, para ser apresentado no IV encontro nacional da cultura, previsto para este ano, em Luanda.
Dos soberanos presentes no encontro, destaca-se o do Bailundo, Tchongolola Tchongonga, do Huambo, Artur Moço, da Tchiaka, Evaristo París, das Lundas, Muatchissengue Watembo, do Cuando Cubango, Muene Menongue, do Porto Amboim, Ngana Lunga IX, do Lutchase, Costa Mweni Chivueka IV e do Kongo, Ntinu Ndoma Nkosi.
Em declarações à imprensa, o presidente da ANSTA, Miguel Matias Filipe, disse que o encontro vai definir os futuros trabalhos da associação e os métodos de resolução das dificuldades do dia-a-dia, com vista a permitir a sua melhor consolidado na sociedade.
O soba grande do Seles, Cuanza Sul, ressaltou as boas relações entre as autoridades tradicionais e o Governo angolano, que tem recebido com agrado as sugestões e recomendações provenientes dos membros da ANSTA, para o bem-estar comum.
Por seu turno, o Rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga, fez saber que o foco da actividade será definir o estatuto do poder tradicional em Angola e as suas assimetrias.
Afirmou que a aprovação deste estatuto, com maior urgência possível, irá conferir maior dignidade e valor ao poder tradicional.
Em representação da governadora da província do Huambo, Lotti Nolika, o administrador do município do Bailundo, Irineu Cândido Sacaála, reconheceu o contributo das autoridades tradicionais nas comunidades, sobretudo, nos assuntos ligados à preservação da tradição e da cultura angolana.
Segundo o responsável, autoridades tradicionais exercem nas comunidades as funções de juiz e de sacerdote, principalmente, na resolução dos conflitos de terras, de feitiçaria e de outros assuntos, em parceria com o governo angolano.
Pediu, para tal, mais união com o Executivo angolano, que está comprometido na promoção das políticas inclusivas e respeitosas, baseadas no diálogo e na determinação das comunidades do país.
Antes do início dos trabalhos, os soberanos visitaram a centralidade Halavala, a Administração municipal local, o centro de formação técnico-profissional “Cidade Jovens de Sucesso” e nas obras da central fotovoltaica.
A ANSTA, fundada a 20 de Maio de 2022, tem como objectivo principal a união entre as autoridades tradicionais, o resgate da cultura angolana, a preservação da tradição e o fortalecimento das relações de parcerias dos seus membros com o Estado angolano. ZZN/ALH