Ondjiva - O soberano do Oukwanhama, província do Cunene, Jerónimo Haleinge, apontou este sábado, em Ondjiva, a consolidação da implantação das estruturas do poder tradicionais e o resgate dos bons valores culturais na comunidade como desafios do seu reinado.
Falando na abertura das jornadas comemorativas do VI aniversário da restauração do reinado do Oukwanhama, a assinalar-se a dois (2) de Fevereiro, 102 anos depois da morte em combate do rei Mandume ya Ndemofayo.
De acordo com o rei, as acções visam contribuir para identificação, conservação, preservação e protecção da identidade do povo e na classificação dos sítios e locais históricos.
Jerónimo Haleinge ressaltou ainda que vão cooperar na protecção e preservação do ecossistema e da biodiversidade, dos bens públicos, combate ou eliminação do problema de furto e roubo de gado, principal activo económico das comunidades.
Entretanto, referiu que o reino está representado em toda extensão territorial por membros do conselho que consolidam visitas de auscultação às comunidades, cooperação com poderes públicos, organizações políticas partidárias, sócio profissionais e outros reinos de Angola.
Fez mençãoa o facto de se terem passado seis anos desde que foi reposto o exercício do poder tradicional, nos marcos da Constituição da República de Angola, do direito consuetudinário e no estrito respeito da dignidade da pessoa humana.
Enfatizou que a restauração do reino de Oukwanhama ocorre no mês em que se homenageia o rei Mandume ya Ndemofayo, falecido a 6 de Fevereiro de 1917, um notável combatente pela defesa da dignidade da pessoa humana, liberdade e do direito inalienável.
Esclareceu que o reino terá sido fundado pelos seus percursores, Kambungu ka Muheya e Mushindi wa Kanene nos finais do século XV, como consequências das migrações dos povos bantus vindo dos grandes lagos.
Actualmente reino ocupa o cargo de Presidente do Conselho Fiscal da Associação Nacional de Soberania Tradicional de Angola.
A ombala ou palácio real foi construído na localidade de Oipembe, lugar classificado como património cultural.
Por seu turno, o director do gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto do Cunene, Nelson Ndelimukuata, disse ser um marco memorável a restauração do reino depois de mais de 100 anos sem um líder no seu trono.
Disse que a instituição do poder tradicional vem agregar o valor na preservação da cultura enquanto povo ovambo, por constituírem reservas morais e cultural, bibliotecas vivas que podem ser consultadas sobre a origem, hábitos e costumes, tradições, história entre outros aspectos.
O acto foi marcado pela realização de uma palestra sobre a língua oshikwanhama e a cultura hoje e amanhã, assim como demonstrações de diferentes acções culturais.
Testemunharam a cerimónia, para além da corte real, membros do governo, académicos, estudantes autoridades tradicionais entre outros convidados. FI/LHE/SC