Ondjiva – A obra intitulada “Castanheira de Pêra versus Cunene (1970-2024), de autoria do Rei de Ombala Oukwanyama, Jerónimo Haleinge, foi lançado este domingo, em Ondjiva, província do Cunene.
A obra contém 132 páginas, divididas em cinco capítulos, e foi lançada à margem do acto do 6º aniversário de Restauração do Reino de Oukwanyama, assinalado hoje, dia 2 de Fevereiro, 102 anos depois da morte em combate do rei Mandume ya Ndemofayo.
Publicada pela “Vamus Editora, LDA” no Cunene, numa primeira fase tem disponíveis 110 exemplares, no valor de 15 mil kwanzas, está ser vendida na Ombala do Rei, na localidade de Oipembe, arredores da cidade de Ondjiva.
A propósito, Jerónimo Haleinge disse que o livro retrata a história da invasão do Apartheid do exército racista da África do Sul, em Agosto de 1981, e os 10 anos de refúgio da população do Cunene, na povoação da Castanheira de Pêra, na Huíla.
Disse que o objectivo do livro não é a venda, mas uma homenagem ao contributo e reconhecimento daquela localidade, que durante 10 anos acolheu boa parte da população do Cunene e os serviços administrativos.
Fez saber que se pretende transmitir as presentes e futuras gerações os momentos vividos aquando da invasão militar, da destruição e momentos da história do país, narrada como sucederam no tempo e no espaço.
“Estão retratados os factos históricos da administração colonial, elevação à categoria de distrito e sua desanexação do então distrito da Huíla, ocupação e destruição, assim como as figuras que dirigiram o destino do Cunene”, afirmou.
Enalteceu o papel das figuras políticas e outras entidades ligadas à igreja Católica e Luterana, que ajudaram na assistência espiritual e material das comunidades na altura.
Jerónimo Haleinge referiu que a Castanheira de Pêra serviu de palco de escolarização das crianças e jovens, onde foi erguida a zona académica, com a construção de mais de 100 salas de aulas e posterior encaminhamento às bolsas de estudo.
Restauração do Reino de Oukwanyama
O soberano explicou que a restauração do Reino relembra o seu rico historial e prestígio que deve ser mantido com firmeza de modo a preservar, divulgar e consolidar os valores culturais e a identidade do povo local.
Informou que desde 2019, tem se trabalhado com as comunidades e com o governo na implementação de acções que concorrem para a identificação e melhoria das condições sociais de vida das próprias populações.
Referiu que o reino está representado em toda extensão territorial por membros do conselho que consolidam visitas de auscultação às comunidades, cooperação com poderes públicos, organizações políticas partidárias, sócio- profissionais e outros reinos do país.
Jerónimo Haleinge salientou que em seis anos foi reposto o exercício do poder tradicional, nos marcos da Constituição da República de Angola, do direito consuetudinário e no estrito respeito da dignidade da pessoa humana.
A restauração do reino de Oukwanyama, ocorre no mês em que se homenageia o rei Mandume ya Ndemofayo falecido a 6 de Fevereiro de 1917, morto em defesa da dignidade da pessoa humana, liberdade e do direito inalienável.
A Ombala ou palácio real foi construído a 2 de Fevereiro de 2019, na localidade de Oipembe, lugar classificado como património cultural.
O acto foi marcado com a realização de várias actividades de danças e canções tradicionais, visando incentivar o resgate dos bons valores culturais na comunidade.
Presenciaram a cerimónia, para além da corte real, membros do governo, académicos, estudantes, autoridades tradicionais entre outros convidados e uma delegação vinda da vizinha República da Namíbia.
Natural do município de Namacunde, Jerónimo Haleinge é licenciado em Sociologia pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações Internacionais de Luanda e ocupou durante 25 anos o cargo de vice-governador do Cunene. PEM/LHE/VIC
