Luanda - O dilema vivido por muitas reclusas nas unidades penitenciárias de Viana e Benguela, ao se separarem de forma involuntária do convívio familiar, é narrado em livro pela psicóloga clínica Filomena Graciano Lamberga Catito.
Intitulada "Depressão em mulheres encarceradas", a obra é um tema que muito tocou a autora, quando por razões de formação, viu-se obrigada a deixar sua família e viajar para o Brasil, onde o assunto foi transformado no seu objecto de pesquisa no mestrado em Psicologia Clínica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Na sua primeira obra, Filomena Graciano Lamberga Catito narra o dilema da separação “terrível e desesperadora” das mães dos seus filhos até aos três anos após o nascimento.
Filomena Catito contou à ANGOP que ao observar o sofrimento das reclusas, tanto no período gestacional quanto ao momento de entrega do seu filho a um familiar ou para um lar de acolhimento, registou os sentimentos dessas mulheres partilhados no livro, para um desencorajar ao público leitor a prática do crime.
O livro traz uma descrição detalhada da vida diária das reclusas e, ao mesmo tempo, é uma denúncia do que acontece neste universo prisional feminino, que ajudará os leitores a compreenderem o que elas passam quando têm que se separar dos seus filhos.
A autora disse na obra que, entre alegrias, tristezas, dores e angústias, são os sentimentos que vagueiam com essas mulheres, quando o tempo para se separar do filho está a chegar, cujo lançamento irá contribuir, em primeiro lugar, para ampliar a reflexão e o debate sobre a própria prisão de um modo geral e inaugurar uma discussão sobre a temática.
Por sua vez, Aniceto Aragão considerou o tema sugestivo na medida em que chama atenção sobre os problemas que uma franja vive, para que a sociedade esteja atenta e possa atender atempadamente as necessidades deste sector.
Apontou que o livro deve servir de matéria de reflexão de todas as franjas da sociedade.
Já Francisco Candundo, que louvou a iniciativa, disse ser um livro ímpar e primeiro em Angola, que deve ser lido por todos a fim de terem o conhecimento desta realidade.
Maria Antonia Fortuna frisou ser uma obra que despertou curiosidade em ler, para melhor compreender este factor, bem como poder levar ao conhecimento dos demais para um despertar de muitas consciências.
Em 173 páginas, Filomena Catito abordou, entre outros, temas como "A mulher e o crime", "Causas da criminalidade em Angola", "Tipo de crime em Angola", "Prisão feminina em Angola", "O dia-a-dia da prisão feminina", "Histórias dos serviços prisionais em Angola" e "A mulher e o encarceramento". SJ/SEC