Cuito - As obras plásticas do espanhol Joan Miró, intituladas o "Cântico ao Sol” e "Maravilhas com Variações Acrósticas”, expostas na cidade do Cuito, província do Bié, atraíram durante vinte dias mais de duzentas pessoas, com maior realce para a classe académica local.
A dupla exposição, num total de 55 quadros originais, encerrada esta segunda-feira pelo ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, antes esteve exposta na capital do país, Luanda, em Fevereiro deste ano, por ocasião da visita do Rei da Espanha, Filipe VI.
Publicadas em 1975, a obra “Cânticos de Sol”, segundo o director de Relações Institucionais da Fundação Universitária Ibero-americana (FUNIBER), Frigdiano Prados, promotora do evento, retrata a materialização plástica do poema homónimo de São Francisco de Assis, numa invocação à natureza.
Já a outra, “Maravilhas com variações Acrósticas”, é baseada no poema do poeta espanhol Rafael Alberti, ilustrando uma viagem a um jardim imaginário cheio de flores, que enfatiza a natureza como paraíso na terra.
Frigdiano Prados disse que as obras constituem um património cultural da FUNIBER e foram expostas pela primeira vez em África, tendo considerando Angola uma grande aliada da sua instituição, face à triangulação que a mesma busca entre os continentes africano, americano e europeu.
Na verdade, disse, a ideia é fomentar uma cooperação horizontal entre África, América Latina e a Península Ibérica, movimentando professores e estudantes daqueles países, para a Universidade Internacional do Cuanza (UNIC) e vice-versa.
Ao discursar no acto de encerramento, o ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, considerou o pintor um renovador das artes plásticas do século XX, pelo facto da sua obra carregar elementos singulares e de equilíbrio a partir da sua fértil imaginação.
Para o governante, Joan Miró foi no fundo um inovador no contexto das artes, tornando-se, portanto, numa referência no movimento surrealista, tal como outros expoentes revolucionários da pintura contemporânea, exemplificando o pintor Salvador Dali, que augura também uma exposição de suas obras no país.
Por seu turno, o governador do Bié, Pereira Alfredo, realçou a soberana oportunidade concedida a classe académica biena e não só, ao conhecer de perto as duas grandes obras de Joan Miró, cujos valores de cada obra transcendem a Europa.
Considerou, porém, o evento o renascer da arte contemporânea na província, que incentiva o pensamento criativo aos artistas locais para uma nova forma de olhar as artes.
Natural de Barcelona, Joan Miró, que viveu durante 90 anos (1893 a 1983), foi um importante pintor, gravador, escultor e ceramista que criou a sua própria linguagem artística e que retratou a natureza de uma forma singular, fazendo assemelhar os seus traços aos de um primitivo ou de uma criança.
As obras regressam para a Espanha já nesta terça-feira, para serem igualmente expostas nas Repúblicas do México e Chile.LB/PLB