Luanda – Depois de dois anos quase de portas fechadas, por motivos da pandemia da Covid-19, os museus da província de Luanda, voltam a vida, com o registo de maior afluência de visitantes nos últimos meses.
Durante uma ronda, no quadro do Dia Internacional dos Museus, que se assinala esta quinta-feira, a ANGOP visitou algumas destas instituições, onde se constatou a afluência de visitantes, nomeadamente, estudantes, turistas nacionais e estrangeiros, que procuram compreender mais sobre a biodiversidade, cultura e história de Angola.
A celebração desta data é feita desde o dia 18 de Maio de 1977, por proposta do ICOM - Conselho Internacional de Museus, com o objectivo de promover, junto da sociedade, uma reflexão sobre o papel dos Museus no seu desenvolvimento.
Segundo a Chefe de departamento de investigação científica do Museu de História Natural, Ana Lavres, desde o levantamento das medidas de biossegurança, a instituição voltou a “Viver”, registando uma média diária de 350 visitantes entre estudantes do ensino primário, secundário e superior, bem como pessoas singulares.
No que toca à visita de turistas internacionais, sublinhou uma média de 30 pessoas por mês.
Para saudar a data dedicada aos museus, a instituição preparou uma palestra com o tema: “Antropologia da Alimentação”, dirigido fundamentalmente a crianças, onde a prelectora, Verónica Tchivela fez uma abordagem sobre o impacto antropogénicos, usado para melhorar a nutrição e segurança alimentar, impulsionar e promover o desenvolvimento sustentável das regiões pobres e secas.
Já no Museu Nacional de Antropologia, o chefe de departamento de educação e animação, José Pedro, disse que o número de visitantes tem vindo a aumentar desde o fim das medidas restritivas.
Neste momento, sublinha o responsável, a instituição conta com uma média diária entre os 30 a 60 pessoas.
Porém, José Pedro falou da necessidade de se aumentar o quadro de funcionários, bem como a melhoria da infra-estrutura.
Atualmente, disse, o grande desafio da instituição passa pela inovação digital, para facilitar as pessoas a ter acesso às exposições e outros serviços oferecidos, por meio de uma plataforma digital e redes sociais.
Para saudar a data, José Pedro disse que o museu prepara uma exposição de objectos e máscaras que retratam a cultura nacional.
Já no museu de História Militar, onde não fomos autorizados a gravar entrevista, notou-se a afluência de estudantes, turistas nacionais e estrangeiros, interessados em conhecer mais a história angolana.
Informações colhidas apontam para uma média mensal de 300 pessoas.
Museu da Escravatura dos mais visitados
Três mil e quatrocentas pessoas visitaram o Museu Nacional da Escravatura, de Janeiro a Abril deste ano, localizado no distrito do Morro dos Veados, município de Belas, em Luanda.
Em comparação ao idêntico período anterior, houve um aumento de 110 visitantes, informou o seu director geral, Vladimir Fortuna, em declarações à ANGOP.
Explicou que os visitantes são maioritariamente estudantes, enquanto 12 % são estrangeiros.
Para o acesso ao museu, disse, cobra-se uma taxa de 180 kwanzas para nacionais e 350 para estrangeiros, estando isentas de pagamento as crianças menores de 12 anos, adultos com mais de 60 anos e os antigos combatentes.
Fundado a 7 Dezembro de 1977, o museu, que retrata a história da escravatura, tem cinco salas que abordam temas como a relação entre a escravatura e a religião, a travessia do atlântico, a escravatura doméstica, a escravatura na plantação, a cultura afro-americana e a resistência contra a escravatura.
De acordo com Vladimir Fortuna, a aquisição mais recente do acervo aconteceu em 2014, por ocasião do Festival Nacional da Cultura, constituído por oito peças formadas por esferas de ferro, originárias das províncias de Cabinda e Mbanza Congo.
O acervo existente no museu, prosseguiu, começou a ser recolhido ainda no período colonial na estação arqueológica de Cabolombo e durante as campanhas desenvolvidas, após a Independência, pelo Laboratório Nacional de Antropologia e o Instituto Nacional do Património Cultural.
O Museu Nacional da Escravatura tem em curso projectos no âmbito da investigação como a identificação das antigas fazendas coloniais, onde se praticava a escravatura, a identificação dos lugares de memória do tráfico de escravos, dentre outros.
Em Angola, os museus são uma realidade há dezenas de anos, em várias províncias, particularmente a de Luanda, que congrega cinco infra-estruturas, nomeadamente, os museus de História Militar, da Moeda, História Natural de Angola, de Antropologia e da Escravatura, que são potenciais promotores da divulgação da memória colectiva da sociedade.
Muitas dessas infra-estruturas surgiram ainda na era colonial e carregam marcas do passado que se transmitem de geração em geração e resistem à metamorfose do tempo.
Estas instituições jogam um papel fundamental no processo das políticas educacionais, que respondem às necessidades dos alunos e desenvolvem um currículo motivador que envolve os estudantes e incentiva a sua curiosidade, bem como o prazer em aprender. ANM/ART