Benguela - Mais de mil pessoas, maioritariamente estudantes de diferentes níveis de ensino, visitam mensalmente o Museu Nacional de Arqueologia de Benguela (MNAB), atraídos pela nova imagem da galeria de exposição, apurou, esta sexta-feira, a ANGOP.
Em declarações à ANGOP, a directora-geral do MNAB, Maria Helena Benjamin, lembrou que antes da reabilitação e do apetrechamento da instituição o número de visitas rondava as 300 pessoas por mês.
Disse acreditar que com a conclusão das obras de restauração muita coisa mudou e, hoje, praticamente o único e histórico edifício museológico do município de Benguela apresenta uma imagem acolhedora.
A responsável referiu que os ganhos decorrentes das obras, levadas a cabo pelo Governo Provincial de Benguela, traduzem-se em novos compartimentos e espaços arejados, com condições dignas para uma instituição museológica.
Reconheceu igualmente que o museu ganhou um maior espaço para a galeria de exposições, sejam permanentes, temporárias ou itinerantes, e garantiu que o mesmo está aberto ao público de segunda a sexta-feira, no horário normal da função pública.
Também acrescenta que há espaços no interior e exterior para actividades educacionais e de lazer.
Quanto à afluência de visitas, reconhece que, com a nova galeria de exposições, aberta ao público praticamente no mês de Maio, a demanda é muito grande.
"Mesmo no período em que as escolas estavam de férias, recebemos visitas quase todos os dias", frisou, acentuando que muitas visitas guiadas faziam parte do plano de férias das escolas.
Aquela responsável menciona igualmente os turistas nacionais ou estrangeiros entre os que visitam em grupo ou individualmente aquela instituição, junto à Praia Morena.
Para ela, nota-se que a visita ao museu, o único no município de Benguela, tem sido um dos pontos de referência para os que visitam a cidade.
"Antes da reabilitação, sempre recebemos visita de estudo das escolas, mesmo num espaço muito reduzido que é o hall de entrada", explica, adiantando que a estatística era de cerca de trezentos visitantes por mês.
E conta que, hoje, fruto da nova imagem após as obras de reabilitação, há muito reclamadas pelos munícipes face ao anterior em estado de degradação do edifício, a estatística mudou e já são mais de mil visitantes/mês.
Escolas lideram visitas
Entre as instituições que mais visitam o museu estão as escolas que vão desde o infantário, ensino primário, secundário até ao superior.
Normalmente, as solicitações são feitas por escrito por parte das instituições que indicam o dia, a hora e o número de alunos, para as visitas de estudo.
Para as demais visitas, segundo a mesma fonte, o acesso é livre quer seja em grupo ou individual.
Museu fomenta turismo
O edifício onde funciona o Museu está classificado como património histórico-cultural nacional.
Aos visitantes, como refere, lhes é narrado o historial do edifício no período em que serviu de alfândega de Benguela e ponto de concentração de escravos, até aos primórdios da instalação do Museu Nacional de Arqueologia.
Razão que leva a directora-geral do MNAB a gabar-se de ver a sua instituição na rota do turismo local, tanto mais que o Gabinete Provincial do Turismo e as agências de viagens sempre levam turistas ao museu.
Acervo
Sendo um museu de âmbito nacional, há cerca de três mil objectos colectados até aos anos 1974, oriundos de 16 sítios arqueológicos de Angola, designadamente nas províncias de Luanda, Uíge, Huambo, Huíla, Namibe, Cuanza Norte e Lunda Norte.
Trata-se ainda de objectos fruto dos trabalhos da Brigada de Pesquisa do MNAB, quer na recolha de superfície como em trabalhos de escavação arqueológica na região da Baía Farta, desde a criação e fundação do Museu Nacional de Arqueologia em Benguela, em 1976.
O acervo é composto por fósseis de megalodonte (dente de tubarão), de baleia, objectos que vão desde a pré-História que são os instrumentos em pedra até aos dias de hoje, que são cerâmica, pérolas (missangas de conchas marinhas e casca de ovo de avestruz) e macutas (primeira moeda cunhada em bronze para Angola).
Além deste acervo móvel, a directora diz que há também o imóvel, que são as pinturas rupestres, cerca de 43 sítios de arte rupestre espalhados pelo território nacional.
Dificuldades
O organograma do Museu Nacional de Arqueologia é de 57 funcionários, mas a responsável lamenta que hoje o quadro pessoal é muito reduzido, com apenas 16 trabalhadores, entre pessoal de base e técnico.
"Muitos deles foram para a reforma, outros pediram transferência para outros sectores e nunca foram substituídos", disse.
Como consequência disso, queixa-se de que hoje os departamentos técnicos funcionam só com um técnico, que é o próprio chefe de departamento.
Ainda no capítulo das dificuldades, elenca que as condições de trabalho para a actividade científica não são das melhores no que tange aos meios rolantes.
"Temos que nos deslocar para o campo onde estão as estações arqueológicas", elucidou, informando de que as viaturas usadas para os trabalhos de pesquisa arqueológica em todo território nacional encontram-se avariadas por terem mais de 20 anos de uso. JH/CRB