Talatona - O ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, destacou, segunda-feira, em Luanda, o contributo da cultura na redução da pobreza, no desenvolvimento inclusivo, equitativo e centrado na própria pessoa, enquanto elemento pensante e participante activo da vida produtiva e cultural.
O governante, que falava na cerimónia de distinção de agentes culturais, afirmou que posicionar a cultura no cerne das políticas de desenvolvimento constitui um investimento fundamental para o futuro do Planeta e um pré-requisito indispensável para um processo de planetização bem-sucedido, com integração do princípio da diversidade cultural.
Filipe Zau referiu ainda que nenhum desenvolvimento poderá ser sustentável sem a presença da Cultura.
“A UNESCO passou a pôr em causa a eficiência das estratégias de desenvolvimento adoptadas após a II Guerra Mundial, já que, dificilmente, as mesmas conseguem dar hoje resposta aos grandes desafios com que se debatem os países em desenvolvimento”, referiu.
Defendeu que o sentido de alteridade é hoje factor de desenvolvimento cultural e implementa-se através de um processo de educação intercultural, acompanhado pela criação e gestão adequada de infra-estruturas capazes de sustentarem um paradigma de desenvolvimento endógeno.
No contexto angolano, Filipe Zau disse que se impõem estratégias direccionadas para um quadro axiológico de referência, onde constem aspectos de validação e valorização do património cultural comum, de fomento da literatura e das artes, sem perder de vista, o universo cultural em diferentes geografias, sempre numa lógica de complementaridade e nunca de exclusão.
A propósito, apelou os angolanos a olharem para a Angola como africanos para África e como cidadãos do mundo a que também pertencem, a conhecer e interpretar o que culturalmente ocorre no planeta, mas sempre, a partir dos próprios olhos em Angola.
Afirmou haver sempre aspectos que se refugiando ou não na capa da cultura influenciam para o bem social, quando promovem valores, como o primado na paz, nos direitos humanos, no Estado de Direito Democrático, na justiça social, na unidade nacional, assim como existem outros que influenciam no sentido inverso, abrindo espaço para o obscurantismo, para discórdia, a desinformação, a conflitualidade gratuita, a mentira, a intriga e a anomia social.
O ministro defendeu a seleção e a gerência de conteúdos, enquanto adultos, sob o próprio critério, com o predomínio da razão, equilíbrio da personalidade e aceitação da responsabilidade, o que é verdadeiramente útil para as famílias e o que é predominantemente fútil ou mesmo nocivo.
De acordo com o ministro, vive-se actualmente num mundo onde as mutações se operam de forma cada vez mais rápida e onde se exige uma preparação para controlar e gerir a velocidade da aceleração dessas mesmas mudanças.
Neste sentido, defendeu a necessidade de se criar um maior espaço de abertura ao diálogo para a concertação de ideias entre Estado e Sociedade Civil, visando a definição adequada de políticas culturais a serem desenhadas para o momento presente e para o futuro, que se deseja para todos , cada vez mais promissor.
Sem adiantar datas, informou que o Ministério da Cultura e Turismo está a preparar a organização e realização do IV Simpósio da Cultura Nacional.
Filipe Zau aproveitou o momento para falar das acções desenvolvidas no ano de 2023 e as prespetivas para o ano em curso, tendo assegurado que a Cultura saiu de 2023 com um saldo significativo de actividades.
A realização do Carnaval, o crescente número de artistas interessados em adquirir a sua Carteira Profissional, apoio a cooperação entre a UNAC (União Nacional dos Artistas e Compositores) e a AHRA (Associação dos Hotéis e Resorts de Angola), visando uma maior empregabilidade dos “operários” de cultura, o alerta para a necessidade de revisão da Lei do Mecenato são algumas das acçoes realizadas em 2023 referenciadas pelo gestor público.
Para o ano de 2024, o departamento ministerial vai criar, nos cinemas Alfa 1 e Alfa 2, o museu do cinema e das imagens em movimento, para qual já tem o orçamento aprovado, lançar a primeira pedra para a construção do Palácio da Música e do Teatro, bem como da Casa do Artista, a reconstrução da Mbanza dos Ngola e do Memorial Mukulo Angola, onde se encontram os túmulos de Ngola Kiluange ki a Samba e Nzinga Mbandi.
Entre as acções consta ainda a reconstrução, em Mbanza Congo, do antigo reino do Kongo, cujo projecto foi já aprovado do projecto.
As acções para o presente ano estendem-se ainda na recuperação de peças museológicas que se encontravam no exterior e que serão expostas no Museu de Antropologia, prevê-se também a construção de uma nova Biblioteca Nacional.
A restauração da Fortaleza de São Francisco do Penedo, que será o o futuro Museu da Luta de Libertação Nacional , bem como a inauguração de um Centro Cultural de excelência, na cidade do Huambo, e a criação de um segundo Centro Cultural de excelência, em Luanda.
“Todos somos necessários para construir um país digno de todos os que lutaram pela liberdade e soberania deste país e que hoje deverão ser alvo do nosso maior agradecimento e respeito. Cabe-nos a nós, hoje, trabalhar, do ponto de vista Cultural, em prol da identidade, da alteridade e do ecumenismo, como estratégia de unidade na diversidade e de respeito à diferença”, disse.
O evento teve momentos culturais, com a exibição de peças teatrais, música, danças e entrega de diplomas deméritos a 32 artistas nas diversas áreas da arte
O Dia da Cultura Nacional é uma data de elevado simbolismo histórico. Foi instituída em 1986, em homenagem ao discurso do fundador da Nação, António Agostinho Neto, proferido em 1979, por ocasião da tomada de posse dos corpos gerentes da União dos Escritores Angolanos (UEA)..MAG