Luanda - O ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, afirmou, este sábado, em Virgínia (EUA), estarem criadas as condições para um diálogo mais aberto e fraterno, rumo a nova Angola, baseada numa abertura económica.
Segundo o ministro, ao intervir na cerimónia anual em homenagem a chegada dos primeiros 20 escravos angolanos, os Estados Unidos da América têm tido e terão um papel preponderante neste processo de desenvolvimento de Angola, nos mais variados domínios.
Na óptica de Jomo Fortunato, a revisão do passado histórico reveste-se de capital importância para a compreensão da problemática social contemporânea, abrindo possibilidades para a afirmação da identidade política e melhor compreensão das ligações histórias e culturais dos três continentes – África, Europa e América – que se estabeleceram através do oceano atlântico, com implicações para o resto do mundo.
“Pesquisas recentes abrem novas perspectivas sobre a história da África e fornecem-nos uma visão diferente sobre as implicações da dimensão demográfica, a omnipresença geográfica e origens culturais comuns que os escravizados de origem angolana compartilhavam, muitas vezes antes de chegarem às Américas”, reforçou o governante angolano.
Jomo Fortunato adiantou que o passado histórico dos escravos angolanos na América pode ser transformado em várias valências, incrementando as relações de amizade e cooperação, aproveitando a ponte da Diplomacia Cultural.
“A escravatura, uma das maiores tragédias da história, juntou o destino de dois países situados em continentes distantes, mas próximos do ponto vista cultural, e a nossa complementaridade histórica e potencial humano podem ser integrados e reutilizados em vários projectos de desenvolvimento em Angola”, apontou.
Sabemos que, actualmente, uma parte substancial da comunidade angolana residente nos Estados Unidos da América, cifrada em mais de sete mil angolanos, chegou aqui, entre os anos setenta e noventa num contexto de fuga dos conflitos bélicos, nos seus locais de origem.
O governante destacou, ainda, o papel que os Estados Unidos da América no apoio aos projectos relacionados com o ambiente, na sua relação com o Instituto de Biodiversidade e Conservação, concretizada no combate à caça furtiva e ao tráfico da vida selvagem em Angola.
Em relação a homenagem, Jomo Fortunato frisou que celebra a coragem de mulheres e homens que embarcaram numa viagem que transformou o curso da história de um povo e de um continente.
“Angola entrou nas páginas da história dos americanos graças à tenaz personalidade, extraordinária capacidade de trabalho e vontade inequívoca dos primeiros escravos, em trilhar e vencer as inúmeras vicissitudes da vida, num contexto de escravidão”, vincou Jomo Fortunato.
A cerimónia contou com a presença do prefeito da cidade de Hampton, Donnie Ray Tuck, do embaixador de Angola nos EUA, Francisco do Espírito Santo, e membros da família Tucker (descendentes dos primeiros angolanos nos EUA).
Os primeiros navios portugueses transportando africanos, que tinham sido raptados e vendidos como escravos no território que viria a ser Angola, chegaram à cidade de Jamestown, no Estado da Virgínia, na altura uma colónia britânica, em Agosto de 1619.