Luanda - O dramaturgo e escritor angolano José Mena Abrantes destacou, na quinta-feira, em Luanda, a qualidade das obras cénicas feitas em Angola, fruto da diversificação dos temas abordados pelos grupos teatrais.
O dramaturgo falava no espaço "Textual idade: Conversa com os leitores", promovido pelo Memorial Dr. Agostinho Neto.
Mena Abrantes disse que os temas das obras cénicas já não têm sido repetitivos, o que está resultar na crescente prática do teatro a nível nacional.
"A qualidade das obras cénicas vai surgindo na quantidade, pela dialéctica", frisou.
Na ocasião, exortou a nova geração de escritores angolanos a evitarem pressas no momento de publicar as obras literárias, com vista à maior reflexão do conteúdo.
O cidadão do teatro africano, como é conhecido, disse ainda que a precipitação na hora de publicar os livros, acaba por ser desastrosa.
Aconselhou igualmente os jovens candidatos à escritores a focarem-se na leitura.
No evento, o escritor leu as suas poesias para o público e falou da sua trajectória no mundo da escrita como poeta
Realçou a maneira como ganhou os prémios nacionais e internacionais, com destaque para os PALOP.
Durante a conversa com os leitores, considerou a poesia como jogos de palavras, onde o escritor comunica, de forma abrangente, usando poucas palavras.
O momento foi animado por canções e declamação de poesias.
Os acadêmicos e leitores aproveitaram o momento para indagar ao dramaturgo sobre os eventos que as suas obras narram.
"Textualidades Conversa com os Leitores" é um espaço de tertúlia entre escritores e leitores, no processo da comunicação literária.
A conversa com os leitores foi criada para motivar a aparição de novos autores, bem como estabelecer uma maior proximidade e interação.
José Manuel Feio Mena Abrantes nasceu em Malanje, aos 11 de Janeiro de 1945. É jornalista, dramaturgo, director e escritor de ficção, teatro e poesia.
Licenciou-se em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Participou em 1975 na criação da Agência de Notícias de Angola (ANGOP). Foi assessor de imprensa da Presidência da República e responsável pelo sector de informação e divulgação da Cinemateca Nacional angolana.
Dirige desde a sua criação, em 1988, o grupo Elinga-Teatro, que tem participado com regularidade em festivais de teatro em África, Europa e América.
Publicou até hoje doze obras de teatro, duas de ficção em prosa, duas de poesia e dois estudos sobre teatro e o cinema angolanos.
Ganhou por três vezes (1986, 1990 e 1994) o Prémio Sonangol de Literatura, máximo galardão da literatura angolana. AMC/OHA