Mbanza Kongo – O Centro Histórico de Mbanza Kongo, província do Zaire, celebra, esta segunda-feira, o 7º aniversário da sua elevação à categoria de Património Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
Este feito, que orgulha os angolanos, em particular, e os africanos, de forma geral, foi alcançado a 8 de Julho de 2017, na cidade de Cracóvia, Polónia, durante a 41ª sessão da Comissão de Património Mundial da UNESCO.
Entre os monumentos e sítios históricos que concorreram para a inscrição do aludido Centro Histórico, destacam-se o Kulumbimbi (antiga Sé Catedral), a Casa do Secretário do Rei, o Cemitério dos Reis do antigo Reino do Kongo, Tady Dya Bukikua (antigo Palácio Real).
Constam ainda dos atributos a Árvore secular Yala Nkuwu e o Túmulo da Dona Mpolo, mãe do rei Dom Afonso I, enterrada viva por desobediência às leis da corte.
O administrador municipal de Mbanza Kongo, Manuel Nsiansoki Gomes, disse, em declarações à ANGOP, que desde 2017 a cidade conheceu melhorias substanciais nos mais variados domínios, com destaque para as vias de comunicação, saúde, educação, saneamento básico, energia e águas.
A título de exemplo, afirmou que Mbanza Kongo tinha uma malha rodoviária constituída maioritariamente por terra batida, um cenário que contrasta com a realidade actual, fruto dos investimentos que foram feitos no domínio das vias urbanas.
Disse terem sido asfaltados, nos últimos anos, 16 quilómetros de ruas dos bairros periféricos de Mbanza Kongo, no âmbito do programa das Vias Urbanas e do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
“Temos bairros que desde a sua criação nunca tiveram ruas asfaltadas. Refiro-me, por exemplo, do bairro 4 de Fevereiro, Zona da Bela Vista, Álvaro Buta, Nfumu, entre outros. Para além do tapete asfáltico, essas vias beneficiaram de iluminação pública e redes técnicas de abastecimento de água potável”, referiu.
Ressaltou que a cidade de Mbanza Kongo beneficia, há sensivelmente cinco anos, de energia eléctrica da rede nacional 24 sobre 24 horas, frisando que cerca de 60 por cento dos seus habitantes já usufruem desse serviço.
“Com a excepção de algumas zonas que vão surgindo, os cinco bairros que conformam a cidade Património Mundial beneficiam de energia eléctrica de forma ininterrupta”, vincou, acrescentando que acções estão em curso para electrificar as novas áreas e arredores de Mbanza Kongo.
Disse que o mesmo acontece também com o abastecimento de água potável às zonas urbana e suburbana dessa cidade histórica.
Conforme afirmação do administrador, Mbanza Kongo ganhou, em 2019, um novo sistema de captação, tratamento e distribuição deste líquido erguido a partir do rio Luegi, com uma capacidade instalada de 1.050 metros cúbicos/hora.
Fez saber que na primeira fase do projecto foram feitas mais de 8 mil ligações domiciliares em todos os bairros da cidade, estando em curso outros projectos para levar este líquido precioso a todos os munícipes locais.
“Reconhecemos que muito ainda falta para satisfazer os anseios dos kongueses, mas tudo está a ser feito pelo nosso Executivo para proporcionar uma outra imagem à nossa cidade, principalmente em infra-estruturas”, expressou.
Visitas ao Centro Histórico de Mbanza Kongo
Dois mil e 532 turistas, entre nacionais e estrangeiros, visitaram de Janeiro a Junho deste ano, o Centro Histórico de Mbanza Kongo, verificando-se um aumento de 606 turistas em comparação ao período homólogo de 2023.
Entre os visitantes, dois mil e 377 são nacionais e 155 expatriados, provenientes da RDC, Portugal, Bélgica, Estados Unidos da América, França e Brasil.
O Museu dos Reis do Kongo, o Cemitério dos Reis do Kongo, o Kulumbimbi, Tady Dya Bukikua, a árvore secular (Yala Nkuwu) e o túmulo da Dona Mpolo (mãe de um dos reis enterrada viva por desobediência às leis da corte), foram os sítios e monumentos históricos mais visitados.
O administrador municipal apelou aos empresários nacionais e estrangeiros para investirem no sector hoteleiro da circunscrição para fazer face a demanda.
“Mbanza Kongo possui poucas unidades hoteleiras e similares, pelo que lançamos um repto aos homens de negócios para direcionar os seus investimentos para esta cidade, considerada virgem em termos de projectos ligados à hotelaria ”, frisou.
Dados disponíveis indicam que a cidade de Mbanza Kongo controla quatro hotéis, sete pensões e oito hospedarias, perfazendo um total de 354 quartos.
Breve historial sobre Mbanza Kongo
Desde a fundação do reino do Kongo, no século XIII, a cidade de Mbanza Kongo foi a sua capital, o centro político, económico, social e cultural, sede do rei e a sua corte, e como tal o centro das decisões.
De acordo com a sua génese histórica e cultural, a designação de maior relevo de Mbanza Kongo, na altura, foi a de Kongo dya Ntotela, símbolo de unidade e indivisibilidade dos bakongos.
Na época colonial, a cidade conheceu várias designações, tendo sobressaído a de São Salvador do Congo, nome que os portugueses haviam atribuído segundo o seu desejo, já como uma potência colonizadora.
Antes da actual data comemorativa (8 de Julho), resultante da sua elevação a Património Mundial da Humanidade, Mbanza Kongo celebrava o seu aniversário a 25 de Julho.
Segundo relatos, o 25 de Julho de 1506 foi institucionalizado pelo rei Nimi a Lukeni, fundador da Corte Real do então Reino, como também uma data em que os Reinos a si adjacentes se deslocavam a Mbanza Kongo para pagar tributo.
Importa referir que, cronologicamente, a cidade de Mbanza Kongo, completa no próximo dia 25 de Julho, 518 anos da sua existência.
Como limites geográficos, o município de Mbanza Kongo, com uma superfície de sete mil e 651 quilómetros quadrados, é limitado a Norte pelo município do Cuimba e pela RDC, a Sul e a Leste pela província do Uíge e a Oeste pelos municípios do Nóqui e Tomboco.
Hoje, 8 de Julho, a província do Zaire observa feriado local em comemoração à declaração da elevação do Centro Histórico de Mbanza Kongo à categoria de Património Mundial da Humanidade.
Sob o lema “Mbanza Kongo berço da cultura kongo”, o programa das festividades, aberto na passada sexta-feira, inscreve campanhas de limpeza e embelezamento da cidade, colóquios, visitas aos sítios e monumentos históricos, feiras de saúde e produção agrícola, espectáculo músico-cultural, entre outros atractivos.
Mbanza Kongo tem uma população estimada em mais de 150 mil habitantes, distribuídos pelos bairros Sagrada Esperança, Álvaro Buta, Martins Kidito, 11 de Novembro e 4 de Fevereiro. JL