Ondjiva- A estátua equestre do rei Mandume Ya Ndemufaho, soberano dos Oukwanhama (1911-1917), foi inaugurada esta quarta-feira pelo ministro da Defesa e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos, na província do Cunene.
Na ocasião o projectista, Francisco Manuel disse que a estátua conta com cinco metros de altura e quatro de comprimento, encontra-se implantada na praça central da cidade de Ondjiva, local onde o soberano fixou a sua Ombala (Palácio Real).
Esclareceu que a peça foi construída em bronze e representa o rei em veste de cor preta e um chapéu, montado num cavalo patini, empunhando na mão direita com uma espingarda.
A espingarda simboliza a guerrilha contra o colono português, enquanto cavalo com as suas quatro patas assentes, simboliza a posse territorial e nos pés o seu cão de guarda sentado indicando o sinal de submissão.
A governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, disse que a estátua equestre resulta de uma decisão tomada há vários anos, cuja iniciativa visa a valorização e divulgação da figura de Mandume.
Referiu que o projecto teve como base a concepção de um espaço histórico-cultural de homenagem ao rei e os seus feitos na luta contra ocupação colonial, assim como conferir beleza arquitectónica à cidade de Ondjiva.
“Esta estátua é carregada de um significado e simbolismo profundo, que marca o regresso de um filho interpreto e determinante, que banhou com o seu próprio sangue os ideais da liberdade e da defesa pela integridade do seu território”, enfatizou.
Agradeceu o Executivo por esta homenagem que honra as comunidades locais, assim como o resgate do passado histórico da região.
Por seu turno, o Ministro da Defesa, João Ernesto dos Santos salientou que a construção da estátua demonstra o reconhecimento do Executivo na valorização das figuras históricas da luta contra a ocupação colonial no país.
De acordo com o governante, enquanto precursor da luta pela libertação, Mandume foi um guerreiro de dimensão inquestionável, facto que justifica ter sido erguida esta estátua, como forma de reconhecimento e imortalizar os seus feitos.
“Esta peça é um acto importante no processo de reconhecimento do Estado angolano, por todo simbolismo político que o rei representa na luta da resistência da ocupação colonial", sustentou.
Entretanto, salientou que o espaço deve servir de fonte de estudo e pesquisa escolar para que as futuras gerações tenham o domínio da história e do percurso do rei para o alcance da independência nacional e da elevação patriótica.
Ao proceder referências biográficas de Mandume, o rei do Oukwanhama, Jerónimo Haleigue, salientou que o mesmo nasceu em 1892, na localidade de Embulunganga, município do Cuanhama, filho de Ndemufayo ya Haihambo e de Ndapona ya Shikende.
Disse que pertenceu ao reino mais poderoso dos Ovambos ,que comandou os destinos do seu povo, num dos períodos mais difíceis da história contra a ocupação colonial portuguesa entre os anos de 1911 a 1917.
Jerónimo Halengue disse que a coragem, resistência, determinação e bravura ficaram marcados na tradição dos Ambós, que o apelidaram de "O cavaleiro incomparável".
O rei morreu a 6 de Fevereiro de 1917 na povoação de Oihole, município de Namacunde, por suicídio.
O acto inaugural foi antecedido por uma visita ao memorial do Rei Mandume na localidade de Oihole, 45 quilómetros de Ondjiva, onde o ministro procedeu à deposição de uma coroa de folhas de Omufiati no túmulo do soberano.
Presenciaram o acto o Ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Filipe de Pina Zau, os secretários de Estado do Interior, da Saúde, da Educação, do Urbanismo e Território e Veteranos da pátria.