Luanda- Os primeiros 20 angolanos que chegaram aos Estados Unidos da América, em 1619, foram, esta segunda-feira, homenageados com a realização de uma mesa redonda virtual, onde se destacou o seu contributo no desenvolvimento do continente americano.
O evento, uma promoção conjunta dos ministérios das Relações Exteriores e da Cultura, Turismo e Ambiente, da AIPEX e da Embaixada de Angola nos Estados Unidos, reflectiu sobre “O Legado da Escravidão para os Africanos e Afro-Americanos: Património Cultural”, que, segundo os intervenientes, liga os dois povos.
Para o ministro das Relações Exteriores, Teté António, a chegada dos primeiros 20 negros africanos, oriundos de Angola a bordo do barco negreiro “the Withe”, há 402 anos, a costa do Estado da Virgínia (EUA), deu início ao comércio transatlântico que encaminhou mais de 13 milhões de africanos, com o intuito de serem vendidos nos portos americanos.
Acrescentou que, passados mais de quatro séculos, Angola mantém excelentes laços de amizade e cooperação com os Estados Unidos da América, enquanto parceiro estratégico, reforçada cada vez mais nos mais variados domínios.
Por seu turno, o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, disse que recordar os 402 anos desta relação entre os dois países representa uma ocasião para repensar não só novas formas de interpretação do passado, mas também das relações históricas entre os povos a volta da bacia do atlântico.
Jomo Fortunato defendeu a elaboração de uma nova abordagem que passa pelo conhecimento igualitário dos papéis desempenhados pelos explorados e exploradores enquanto sujeitos históricos com dinâmicas sociais próprias, para melhor preservar o passado comum.
Segundo o director do Museu da Escravatura, Vladimiro Fortuna, o tráfico de escravos trouxe um grande impacto, provocando o atraso social e a devastação do tecido social de Angola.
Vladimiro Fortuna salientou que o museu já fez um trabalho de identificação dos 20 angolanos que embarcaram para os EUA, estado neste momento a ser feito o reconhecimento da genealogia familiar, um projecto que ira reforçar o conhecimento da sociedade sobre a importância dos museus.
Para o director Executivo da Câmara de Comércio dos EUA em Angola, Neil Breslin, as oportunidades no país são inumeráveis, apontando a língua como o maior desafio, aconselhando mais estreitamente neste domínio.
Neil Breslin ressaltou que 25 por cento dos afro-americanos são descendentes de angolanos, uma situação que deve ser aproveitada para a vinda de mais investidores.
Já o Presidente do Conselho de Administração da Agência de Investimento e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX), António Henriques da Silva, disse que Angola está de braços abertos para receber os afro-americanos que desejam investir no país nos ramos da agricultura, pescas, exploração de minérios, infra-estruturas, saúde, educação, entre outras.
“Angola está a trabalhar para ser um país cada vez mais viável para investimento privado com o combate à corrupção”, disse.
O docente universitário Fernando Manuel disse que as estruturas angolanas vocacionadas para o efeito devem trabalhar para convencer os afro-americanos das grandes valências que a cultura nacional.
O evento discorreu sobre diversos temas, tais como "O papel dos Afro-Americanos no desenvolvimento dos países Africanos (identificação de possíveis áreas de cooperação e apoio) os hábitos e costumes da cultura Afro-Americana que foram preservados até aos dias de hoje".
A agenda incluiu ainda a abordagem de questões relativas ao “Processo da Escravatura e o seu Impacto na Estrutura Social Angolana”, “O impacto da Cultura Angolana na Sociedade Americana”, “ Aspectos da arte contemporânea Angolana", "Contribuições dos Afro-Americanos na reconstrução da América e o Impacto do movimento 'Black Lives Matter' (Vidas Negras Importantes”.