Dundo – O governo da província da Lunda-Norte está a preparar a apresentação da candidatura do instrumento musical tradicional “Tchinguvu”, à Património Cultural Imaterial Nacional.
Em Abril deste ano, o género de dança e música tchianda e o instrumentos musical tradicional Cisanje, foram declarados Património Cultural Imaterial Nacional pelo Ministério da Cultura.
A informação foi prestada hoje, quarta-feira, pelo director do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo e Desportos, José Pinto, no final da visita da governadora da Lunda-Norte, Filomena Miza Aires, ao Museu Regional do Dundo.
Disse que decorre o trabalho de recolha de um conjunto de informações sobre o instrumento, exigidas pelo Instituto Nacional do Património, para a sua aprovação e/ou elevação a referida categoria.
Acrescentou que o gabinete está a realizar uma digressão aos municípios da área sul da província (Cuilo, Caungula, Cuango, Xá-muteba e Capenda-Camulemba), no sentido de encontrar artesãos que têm o domínio de fabrico deste instrumento musical, visando a sua preservação e multiplicação.
Tchinguvu é um aparelho tradicional que em termos práticos deixou de ser utilizado na orquestra do folclore da região leste do país, devido a falta de motivação por parte de artesãos no fabrico deste instrumento.
Para além da sua utilidade na arte, o Tchinguvu, que produz um som que atinge cerca de trinta quilómetros, servia também de meio de comunicação entre os cokwe, com o qual se enviava mensagens de chamamento para um determinado assunto ou alerta de qualquer fenómeno na comunidade.
Em termos de orquestra, o Tchinguvu acompanha as exibições das diversas máscaras e danças colectivas nomeadamente, kapaka, kateko, tchisela e tchianda.
Os tocadores do Tchinguvu, tocam os sons com duas baquetas pesadas, cuja cabeça é de borracha virgem onde o ajudante do mestre, percute com varas de madeira na parte superior do tambor, enquanto o perito faz várias pausas e as devidas mudanças de compasso.
Para ser tocado, o instrumento é pendurado por vezes de modo ligeiramente oblíquo nas duas tacas que se encontram permanentemente no largo da aldeia.
Na sua génese, conforme era concebido pelos ancestrais Lunda e cokwe, o Tchinguvu era composto por doze batuques, onde cada um deles exercia a sua função sonora.
Só com o Tchinguvu, é possível ter o ngoma ya xina (baixo), Mukundu (batuque médio-base), kasasuiluiyo (ritmo), incluindo o kasumbi (batuque mais pequeno), o que permite obter várias funcionalidades em termos da musicalidade, tonalidade e ritmo. HD