Namacunde - A Governadora da província do Cunene, Gerdina Didalelwa, pediu, esta quarta-feira, em Oihole, aos jovens locais a estarem comprometidos com o conhecimento do percurso do rei Mandume-ya-Ndemufaho, visando a continuidade da história do soberano do Oukwanhama.
A governante fez o apelo durante o acto comemorativo das celebrações dos 107 anos da morte de Mandume, ocorrido a 6 de Fevereiro de 1917, na povoação de Oihole, município de Namacunde.
Na ocasião, Gerdina Didalelwa disse que o exemplo de heroísmo e coragem do soberano deve servir de inspiração das gerações a participarem no desenvolvimento social e económico do país, em particular da província.
Afirmou que este espírito patriótico e bravura, ficou demonstrado pelas forças angolanas em 1981, quando da luta travada contra o regime racistas sul-africano, pela invasão ao território do Cunene.
"Ao comemorarmos esta data devemos manter o compromisso de divulgarmos e preservarmos os seus feitos que marcaram a luta de resistência contra à ocupação colonial na região”, realçou.
Destacou o nível de organização implementado no reinado de Mandume, ao incentivar o povo a alargar as suas lavras para aumentarem a produção e criarem stock de alimentos, visando o combate à fome.
Gerdina Didalelwa apontou alguns problemas que se vivia no reinado e que até os dias actuais continuam, no que diz respeito à seca, tendo na altura orientado a criação de poços de água (cachimbas) para o consumo humano e para o gado.
Por seu turno, o actual rei de Oukwanhama, Jerónimo Haleingue, disse que o 6 de Fevereiro de 1917 deve ser relembrado pelos angolanos.
A majestade lembrou que foi a 2 de Fevereiro de 2019 que o reino de Oukwanhama foi restaurado, após 102 anos da morte, sendo que os desafios passam pelo resgate dos valores culturais.
A efeméride foi marcada com a realização de uma palestra subordinada ao tema “Legado histórico e a visão estratégica de Mandume”, que teve como prelector o pesquisador da história Pedro Tongeni.
Descreveu que o reino travou varias batalhas, com destaque as que tiveram palco nas cachimbas da Môngua é no Oihole, onde num dia como este morreu por suicídio o rei Mandume.
Esclareceu que, tendo em conta as especificidades da região caracterizada de ocorrência de seca cíclica, normalmente as guerras eram travadas nos pontos de água.
Afirmou que o rei foi muito organizado do ponto de vista militar e administrativo e chegou a criar uma liga militar que se juntava com outros reinos da região, para defenderem o território contra a evasão ocupacional.
Pedro Tongeni sublinhou ainda que Mandume ordenou a realização de efiko, festa de puberdade e casamento tradicional nas comunidades, bem como proibiu a venda excessiva de bebidas alcoólicas em certos pontos.
Nascido em 1892, na localidade de Embulunganga, município do Cuanhama, Mandume-ya-Ndemufayo é filho de Ndemufayo ya Haihambo e de Ndapona ya Shikende.
O reino dos Oukwanyama conheceu 18 reis, a destacar Kambungo, Musindi Wakanene, Kavanga Kaindongo, Himbili Ya Aufiko, Weyulu Ya Edimbe, Nande Ya Edimbe, Mandume -Ya -Ndemufayo, entre outros.
Destes reis, 12 foram sepultados no cemitério dos soberanos localizado em Oipembe, nas proximidades da cidade de Ondjiva, e seis em outras zonas do município, incluindo Mandume, em Oihole. PEM/LHE/ART