Ondjiva - A governadora do Conselho Regional do Khomas (Namíbia), Laura McLeod-Katjirua, prestou esta quarta-feira, na cidade angolana de Ondjiva, uma homenagem ao Rei Mandume Ya Ndemufayo, pelo seu contributo à defesa da soberania dos povos e da pátria contra as forças externas.
Na companhia da governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, a governante namibiana depositou uma coroa de folhas de omufiaty no túmulo do soberano dos Oukwanhama, na localidade de Oihole.
Laura McLeod-Katjirua, que chefia uma delegação do Conselho Regional do Khomas, disse que a homenagem ao Rei Mandume é um sinônimo de respeito aos heróis de Angola.
Em declarações à imprensa, a governante lembrou que Mandume não é apenas um soberano de Angola, mas também do povo namibiano, daí que o memorial constitui um lugar sagrado para os povos Cuanhama (Angola) e ovambos (Namíbia).
“Os povos de Angola e da Namíbia são os únicos divididos apenas por uma linha de fronteira e, até aos dias actuais, algumas famílias encontram-se divididas nos dois países, sendo irmãos de consanguinidade que partilham a mesma história, cultura e a língua", sustentou.
Justificou que uma das canções patrióticas da Namíbia diz “o derrame do seu sangue é a nossa libertação”, e sendo assim estamos endividados pelos feitos protagonizados pelos nossos soberanos.
Entretanto, enalteceu a selecção do memorial pela UNESCO, que será de grande importância para geração vindoura.
Mandume ya Ndemufayo foi Rei do Okwanhama de 1911 - 1917, morreu em combate a 6 de Fevereiro de 1917, na localidade de Oihole, município de Namacunde, por suicídio.
Para enaltecer a figura do Rei, o Executivo angolano construiu, em 2000, o complexo turístico em memorial ao rei, cujo acto inaugural foi em 2002 presidido pelo então Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, na presença do antigo Presidente da Namíbia, Sam Nujoma.
Elevado a património cultural nacional, o túmulo é um local altamente representativo, com arcos verdes em forma de folha de Omufiati a cruzarem-se, protegendo o último leito do rei, que está rodeado de estacas de betão em forma de madeira, como se tratasse de uma embala da região.
No Monumento ao Rei Mandume Ya Ndemufayo, encontra-se uma placa com a sua frase que evidencia a bravura, na defesa da integridade territorial de Angola.
"Se os ingleses me procuram, eu estou aqui, e eles podem vir e montar-me um ardil. Não farei o primeiro disparo, mas eu não sou um cabrito nas mulolas, sou um homem e lutarei até gastar a minha última bala.
O meu coração diz-me que não fiz nada de errado”, lê-se na lápide, atribuída a Mandume, datada de 5.12.1916.
A jornada da governante namibiana, de cinco dias na província do Cunene, contempla igualmente visita ao hospital geral Simione Mucune, ao projecto de transferência de água do canal do Cafu, centralidade, instituições de ensino, entre outras.
A acção enquadra-se no estudo para um acordo de geminação entre as duas regiões ligadas aos sectores da educação, saúde, cultura e turismo, desenvolvimento económico, entre outros. FI/LHE/OHA