Dundo – O frio que se fazia sentir na cidade do Dundo, província da Lunda Norte, não foi motivo suficiente para afastar centenas de pessoas que assistiram a primeira edicção do “Festival de dança e música folclórica” do Leste de Angola, realizado sábado, no Largo Agostinho Neto, cuja dança predominante foi a tchianda.
Ao ritmo do Ngoma (tambor/batuque), Tchinguvu, marimba, puita, calialia, os nove grupos tradicionais, provenientes das províncias da Lunda Norte Lunda Sul e Moxico, exibiram-se com as danças tchianda, mitingui, txissela, kandowa, entre outras, para alegria de centenas de pessoas que acorreram ao largo Agostinho para assistirem um espetáculo único e acústico.
O estilo de dança tchianda foi destaque no festival, no qual cinco dos nove grupos, apresentaram, no palco do Largo Agostinho Neto, este género.
A dança tchianda é também praticada durante a festa do Mucanda, ou seja, no dia da saída dos adolescentes da circuncisão, uma festa na comunidade para a recepção dos rapazes que ficam um ano fora dos pais, acampados na mata, sob controlo do tchumba cambungo (guardião do Mucanda).
Foi criada pelas mulheres, com o Txissela e o Ulengo (outras danças comemorativas e recreativas), para celebrar a maturidade do filho que passa da adolescência para a fase adulta, cujos bailarinos usam na cintura a Mafunha e o Mwia (panos enrolados), bem como mazombo.
Estiveram também em evidência, a Muxeta e Mungongue, danças usadas para afugentar os maus espíritos, num ritual em que os bailarinos, seminus, se manifestam com os rostos maquilhados com argila e carvão.
Os grupos dançaram igualmente o Txiqueno e a Catxatxa, utilizadas por grandes soberanos em festas tradicionais, como a investidura do rei, Mucanda e outras. Outra dança que levou o público ao delírio, foi a maringa (dança do ciúme).
O festival, com financiamento da Sociedade Mineira de Catoca, teve a coordenação artística do músico Gabriel Tchiema e visa a divulgação, preservação e valorização da cultura, servindo igualmente de incentivo e promoção do trabalho dos fazedores de arte da região.
Visa promover o diálogo cultural entre diferentes gerações, com o objectivo de se encontrar soluções para o resgate de alguns hábitos e costumes do povo Tchokwe, em risco de extinção, bem como atrair artistas de outros pontos do país e da África Subsaariana, principalmente dos países fronteiriços.
Para esta primeira edição, participaram os grupos Komokenu, Hatchilimwene, Habiude Mãe Grande (Moxico), TchakoTchyetu, Komokenu e Makopo (Lunda Sul), Akishi Tchyanda, Mwesseke Utale e Tchako Tchyetu tcha Utchokwe (Lunda Norte).