Caála – Os feitos do músico Jacinto Tchipa, falecido na passada quarta-feira, em Luanda, vítima de doença, foram enaltecidos por familiares e contemporâneos que destacaram a suas qualidades artísticas na preservação da identidade cultural dos “ovimbundos”.
Em declarações hoje, quinta-feira, o irmão mais velho do malogrado, Ruben Abel, residente no município da Caála (Huambo), disse que a morte de Jacinto Tchipa representa uma perda irreparável para a família, cultural nacional e para as Forças Armadas Angolanas, a julgar pelos feitos protagonizados.
Inconsolável, diz que o facto de o músico ter um bairro com o seu nome na capital do país (Luanda) é prova inequívoca do reconhecimento do trabalho por si desenvolvido, tanto do ponto de vista da música como nas Forças Armadas Angolanas, onde chegou a oficial superior.
Conforme o irmão mais velho, o malogrado era uma pessoa muito afável e não poupava esforços para a família e qualquer outro que estivesse a precisar do seu apoio.
Por isso, Ruben Abel pede que se translade os restos mortais de Jacinto Tchipa para o município da Caála, sua terra natal, a fim de se cumprir o desejo do falecido de ser sepultado ao lado dos progenitores.
A irmã mais nova do malogrado, Venância Abel, disse que Jacinto Tchipa era um irmão honesto e comprometido com a família.
Já Albano Simão Urbano, contemporâneo do malogrado, destacou Jacinto Tchipa como um cidadão exemplar e de fácil trato que, também, contribuiu para a preservação e divulgação da identidade cultural da província do Huambo e dos “ovimbundos”, em geral.
António Sanoloti, outro contemporâneo, lembra com nostalgia os momentos vividos ao lado do malogrado, salientando que Jacinto Tchipa era um homem da música e de disciplina militar, com uma personalidade sem rodeios na resolução dos problemas da família, dos amigos e da sociedade no seu todo.
Geraldo Pessela afirma que as músicas de Jacinto Tchipa motivaram a aceitação do dever cívico e patriótico dos militares durante o conflito armado, tendo, por isso, contribuído para a conquista da paz efectiva em Angola.
Por dentro
Nascido em 1958, no município da Caála (Huambo), o cantor notabilizou-se no panorama nacional durante a década de 80, quando foi vencedor, por duas vezes consecutivas (1986/1987), do concurso musical Top dos Mais Queridos, organizado pela Radiodifusão Nacional de Angola.
O artista lançou três discos em vinil na década de 1980, com os títulos “A Cartinha de Saudades”, “Sissi Ola” e “Reconstrução Nacional”.
Nos anos 2000 lançou outros dois álbuns, nomeadamente os CD “Os Meus Sucessos” e “África”.
Jacinto Tchipa foi deputado à Assembleia Nacional, coronel das Forças Armadas Angolanas e membro da UNAC, União Nacional dos Artistas e Compositores.