Luanda – Uma exposição de arte contemporânea decorre, desde quinta-feira, em Luanda, no âmbito do centenário do escritor e nacionalista angolano Agostinho André Mendes de Carvalho “Uanhenga Xitu”.
A amostra de 28 obras, de 26 artistas angolanos, destaca a trajectória do escritor e ficará patente no Memorial Dr. António Agostinho Neto (MAAN), até ao dia 28 de Setembro.
A mesma é organizada e produzida pela Afrikanizm Art, Face Studio e Karga Eventos que recepcionaram, no mês de Agosto, 47 obras de 34 artistas para o processo de selecção da amostra.
Sobre o evento, o director-geral da Karga Eventos, Big Nelo, disse que a exposição visa reconhecer os feitos de Uanhenga Xitu, tendo em conta a sua contribuição para a cultura angolana.
“A exposição assume-se como uma celebração da cultura angolana, do espírito de resistência e da luta pela liberdade, traduzida através de cores, formas e símbolos que ressoam com a alma de um povo”, disse.
Corroborando da ideia, o director executivo da Afrikanizm Art, João Boavida, destacou a diversidade de abordagem técnica e estilo dos artistas que apresentaram interpretações únicas da vida e obra de Uanhenga Xitu.
Já o director executivo da Face Studio, Ilya Machado, considerou a amostra como uma oportunidade para o público mergulhar na herança cultural de Angola.
“Ao percorrer estas obras, o visitante é convidado a revisitar às histórias, os valores e os ideais defendidos por este grande ícone angolano, transportando-o para o contexto contemporâneo”, salientou.
Entre vários artistas plásticos com obras na exposição, Luís Damião, com o quadro "Sede da Poesia", retrata o homenageado como embaixador, ministro, pai e avó.
Já Pedro Masisa apresenta, na sua obra "Fonte Histórica", a tradição e cultura angolana, através de elementos culturais e simbólicos.
“A obra é uma homenagem à herança cultural angolana e ao papel central que Uanhenga Xitu desempenhou na sua promoção e defesa", explicou.
A exposição agrega obras dos artistas Adilson Vieira, Casca, Danick Bumba, Davi Domble, Edilson Peregrino, Jedelaine Bravo, Josué Dombele, Maisha, Osvaldo Ferreira, Badiatu David, Fanny Bienga, Isabel Sousa, Jacob Lopes, Joselyna Pemba e Pedro Masisa, Bozene Kabú, Mazele Matundu, Albertina Bengui, Mampuya, Kudia Narciso, Luís Damião, Thó Simões e Virgílio Pinheiro.
Uanhenga Xitu nasceu a 29 de Agosto de 1924 e faleceu a 13 de Fevereiro de 2014.
Enfermeiro de profissão, Uanhenga Xitu exerceu clandestinamente actividades políticas, visando a independência de Angola, tendo sido preso pela polícia colonial "PIDE” durante a luta.
Na prisão começou a escrever as suas histórias e em liberdade manteve a sua actividade política. Depois de alcançada a independência de Angola, o responsável exerceu as funções de ministro da Saúde, Comissário Provincial de Luanda e embaixador da República Popular de Angola na Alemanha.
Foi deputado à Assembleia Nacional, pela bancada do MPLA, e membro do Comité Central deste partido até 1998.
Uanhenga Xitu foi membro da União dos Escritores Angolanos. Foi autor das obras "O Meu Discurso”, "Mestre Tamoda”, "Bola com Feitiço”, "Manana”, "Vozes na Sanzala (Kahitu)”, "Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem”, "Os Discursos do Mestre Tamoda”, "O Ministro” e "Cultos Especiais”.
Em 2006 recebeu a distinção do Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de literatura, pela qualidade do conjunto da sua obra literária. AMC