Lubango – Um documentário de 28 minutos, sobre a vida e obra do “Rei” da música angolana, Elias Dya Kimuezo, foi exibido sexta-feira, na Mediateca do Lubango, capital da província da Huíla, para exaltar a trajectória histórica, cultural e musical do músico.
Com o título “Elias Dya Kimuezo - Viagens”, o documentário foi produzido há cinco anos pelo jornalista cultural das edições Novembro-EP, Francisco Pedro, e a sua exibição insere-se nas celebrações do Dia da Cultura Nacional e dos 89 anos de vida do artista, celebrados no dia 02 do corrente mês.
Falando à imprensa, à margem do evento, o protagonista do mesmo sublinhou que “a homenagem ao ícone da música popular angolana vem em boa hora, por ser uma figura incontornável que atravessa gerações, além de continuar a inspirar com uma voz que permanece relevante e moderna”.
Sublinhou que Dya Kimuezo continua a ser uma referência cultural e musical em Angola, cujas obras discográficas são marcadas pela autenticidade e inovação, que permanecem vivos e relevantes.
Francisco Pedro destacou, também, a convivência de Elias com a comunidade cabo-verdiana no bairro Sambizanga, que influenciou a sua interpretação de músicas tradicionais de Cabo Verde, e a sua actuação como atleta, histórias menos conhecidas mas que enriquecem a narrativa do artista.
Salientou que a homenagem faz parte de uma trilogia de comentários em desenvolvimento para ampliar a abordagem em mais dois documentários sobre o cantor e compositor, com previsão de serem lançados ainda este ano na Huíla e em Luanda.
Com um repertório de 50 músicas catalogadas, Elias Dya Kimuezo é descrito como um pilar da cultura angolana, cuja obra transcende a música, tendo impacto significativo, também, na esfera política e na construção da identidade cultural nacional.
Sobre a biografia do cantor Elias Dya Kimuezo
Elias José Francisco, artisticamente conhecido como Elias Dia Kimuezo, nasceu no bairro Marçal, em Luanda, a 02 de Janeiro de 1932.
Órfão desde os sete anos de idade, facto que o levou a viver em casa dos seus avós paternos, no Sambizanga, onde aprendeu a comunicar-se de forma fluente na sua língua materna, kimbundo.
Em 1969, com a realização de um festival folclórico nas províncias portuguesas, que teve lugar em Portugal, é convidado para, com o grupo de Rebita do Mestre Geraldo e os Marimbeiros do Duque de Bragança, oriundos de Malanje, onde representou Angola.
O seu desempenho artístico mereceu elevados elogios da crítica e dos analistas culturais locais, pelo que lhe foi colocada a proposta de gravar dois "maxi-singles” pela editora Valentim de Carvalho.
Daí saíram as músicas “Mualunga”, “Ressurreição” e "Muenho Ua Mutu”, cantadas em português e em Kimbundo, com as participações especiais de Bonga, Rui Mingas, Teta Lando e dos Marimbeiros do Duque de Bragança.
O sucesso do cantor começou a crescer e, em fase disso, o artista é galardoado como melhor intérprete da canção angolana pelo centro de formação do turismo nacional.
Em 1972, recebeu uma estatueta, por integrar o restrito grupo das 11 figuras mais destacadas, nas diversas categorias profissionais e sociais da cidade de Luanda.
Dya Kimuezo é considerado o Rei da Música Popular Angolana pela qualidade do seu trabalho e a constância do seu desempenho. JT/MS