Luena – Os escritores angolanos Hortêncio Cassemene e Fernando Branco defenderam a necessidade de se valorizar a leitura, por ser o livro uma fonte de desenvolvimento da linguagem, da alfabetização e do pensamento crítico.
Em declarações à ANGOP, por ocasião do Dia Mundial do Livro e do Direito dos Autores, que se assinala hoje (23), Hortêncio Cassemene insiste na obrigatoriedade das pessoas criarem gosto pela leitura, enquanto Fernando Branco destaca os benefícios significativos da leitura, desde a informação, educação, entretenimento e construção de opiniões e da criatividade linguística.
Nove anos após lançar o seu primeiro livro intitulado "Caminhos", Hortêncio Cassemene entende que a promoção da leitura passa pela criação de clubes de leitura, promotoção de debates e de trocas de ideias em volta de livros e organização de “cafés literários”.
Igualmente autor do “The Foreigner”, Cassemene advogou que se desencoraje práticas de olhar à escrita como um passatempo, ao invés de profissão, embora compreenda que ausência ou insuficiência de livrarias promova a fraca adesão ou aquisição dos manuais e com isso haja poucos leitores.
“Nos últimos tempos muita gente adere a cerimónias de lançamento de livros, adquire-os e infelizmente não os abrem”, lamentou o escritor.
Para o escritor Fernando Branco, baixar ou subvencionar os custos com a produção das obras literárias e obrigar as escolas a cultivar o hábito da leitura e escrita, com a criação de bibliotecas, torna-se “num caminho incontornável” para promoção do livro e da leitura.
Após estrear no mercado literário com “Crónicas e Pensamentos”, Fernando Branco considera o país um mercado com pouca adesão e valorização da arte escrita, pois escrever e lançar um livro “continuam a ter um cenário com enormes desafios”.
Tais desafios, segundo o autor do “O Presidente de 2030”, passam por se criar políticas de incentivo da produção de livro, por via do Ministério da Cultura e a abertura da banca no investimento aos livros.
Essa medida possibilitaria a redução do preço de comercialização do livro à população leitora e consequente retorno do investimento, disse, Fernando Branco, que tem “O Bispo dos Pés Descalços” como sua última obra literária.
Nessa dos altos custos para a produção do livro, o escritor Edson Seúlo, exemplificou que teve de gastar 500 mil kwanzas para imprimir 100 exemplares da sua inédita obra literária, com o título “Abertas a Lágrimas”, defendendo que com uma gráfica na região leste do país “teríamos um custo menos elevado na impressão do livro”.
Nos últimos três anos, a província do Moxico registou a publicação de várias obras literárias, nomeadamente, “ Proibições de provas e nutilidades processuais”, de Elizeu Sacoji, “Liderar com moral ética e cidadania, um olhar em nós”, de Quintas Sempieca, “Depressão, Reflexos de um Olhar Luzente”, de Alma Luzendo e Crónicas e pensamentos” e “O Bispo dos Pés Descalços”, de Fernando Branco.
Destacam-se também "O beijo que me Gerou", de Eusébio Cassoma, "Lições de Administração Local Autárquica" de Maláquias Mário, “Investimento estrangeiro em Angola, aspectos fiscais”, de Domingos Sete, bem com os livros "Ser Feliz na Simplicidade", de Filomeno Wanga e "Os Deuses filhos dos diabos", de Abel
A efeméride foi institucionalizada em 1995, na 28ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com o propósito encorajar a leitura e promover a protecção dos direitos de autor.
E destaca-se ainda a importância dos livros enquanto elemento basilar da educação e do progresso de uma sociedade. LTY/YD