Lubango – A primeira obra literária do arcebispo emérito da Arquidiocese do Lubango, Dom Zacarias Kamwenho, intitulada “Acreditei, por isso falei: Revistando o prémio Sakharov-2001”, foi apresentada nessa sexta-feira, no Lubango, à comunidade huílana.
O livro com 94 páginas foi editado e revisado pela Paulinas Editora e tem nesta primeira edição disponíveis 600 exemplares. Para além da Huíla, a obra já foi lançada em Luanda, no princípio do mês em curso e a próxima cidade é o Sumbe.
A obra está dividida em três partes, nomeadamente a introdução, os seis testemunhos ocasionais e a conclusiva, sendo que na primeira é abordado a urgência da revisão da Constituição da República, a era dos movimentos de libertação nacional e a colaboração de todos na vida pública.
Já na segunda, o autor traz a revisitação do Prémio Sakharov-2001, o contributo das igrejas cristãs no processo da independência de Angola, a paz- tarefa de todos os humanos, o Estado da nação angolana, entre outros e na última parte espelha o que foi dito no parlamento europeu dia 12 de Dezembro de 2001.
Ao falar da obra, o autor referiu que ela representa a necessidade de chamar todos a darem as mãos para chegarem a uma reconciliação mais efectiva, pois foi esse o programa do Prémio Sakharov que recebeu em 2001, num momento que Angola se encontra ainda a gerir a crise pós-eleitoral.
"Como testemunho de uma Angola que vai desde 1961 tenho muita coisa a dizer. Aproveitei dar a voz de depoimentos antigos. Dei o meu contributo para que tudo se faça na tranquilidade e na paz. Que haja cada vez mais sabedoria nos que governam e honestidade de nossa parte, os governados", realçou.
Manifestou que gostaria que em Angola houvesse, participação de todos e não de alguns na sua construção como nação e devem se engajar na tarefa de ter um país verdadeiramente livre, democrático, bom para os angolanos e seus amigos.
Questionado das motivação que o levaram a publicar só agora um livro, com diversos anos de sacerdócio, o prelado respondeu "não ter jeito de publicar", mas as circunstâncias o obrigaram pese embora tivesse muitos artigos escritos, pelo que espera colocar no mercado mais duas obras, um sobre a liturgia e um outro sobre lembranças.
Zacarias Kamwenho, de 89 anos, é natural do Huambo e foi ordenado presbítero em Julho de 1961. Desempenhou a função de vice-reitor do Seminário Maior de Cristo Rei, na mesma província onde nasceu, reitor da mesma instituição religiosa, acumulando também a de vigário-geral da Diocese.
Foi bispo auxiliar de Luanda, tomou posse da Diocese de Novo Redondo, no Sumbe. Assistiu a entrada dos movimentos de libertação e os confrontos entre os três.
Em 1995 foi transferido para a Arquidiocese do Lubango, recebeu em Outubro de 2001 o Prémio Sakharov. Foi presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) e do Comité Inter-eclesial da Paz em Angola (COIEPA).
Atingiu a idade de reforma em 2009 (75 anos de idade) e entregou o pastoreio da arquidiocese a Dom Gabriel Mbilingi, actual arcebispo metropolita do Lubango. EM/MS